Que as telenovelas
latino-americanas fazem sucesso em diversos lugares do mundo, não é novidade
para ninguém, mas o que poucos sabem é que muitas delas também são adaptadas
por diversos países, de acordo com a sua cultura, o seu cotidiano e conforme a
realidade vivida onde se pretende adaptar a mesma história. Hoje, apresento
aqui um texto dedicado aos remakes portugueses de telenovelas
latino-americanas, em especial, os produzidos pelas duas principais emissoras de
televisão em Portugal: a TVI e a SIC.
OS REMAKES DA TVI
OS REMAKES DA TVI
ANJO SELVAGEM (2001)
Baseada em Muñeca Brava,
telenovela argentina produzida pela Telefe, em 1998, e protagonizada por
Natalia Oreiro e Facundo Arana, esta versão portuguesa foi uma das tramas mais
longas do país, tendo começado em 2001 e encerrado em 2003, com mais de 600
episódios exibidos. Anjo Selvagem trouxe ao audiovisual português outra visão
daquilo que eram os enredos que hoje dominam as televisões e conseguiu prender
os portugueses ao televisor.
Constituída por um elenco de
luxo, com Paula Neves e José Carlos Pereira nos papéis principais, Anjo Selvagem
contou a história de Mariana de Jesus (Paula Neves), uma jovem que sempre viveu
num convento até seus dezoito anos. Por trás dela estava uma história de amor
que, com o decorrer da trama, ia se desvendando. O seu futuro passava pela fazenda
dos Brandão Salgado, onde surpreendentemente descobria que sua mãe tinha sido
empregada daquela mesma família. Assim começava a conhecer pouco a pouco o seu
passado e apaixonava-se pelo filho da família, Pedro Brandão Salgado (José
Carlos Pereira), com quem vivia um amor impossível, um amor entre uma empregada
e um jovem da classe alta.
Nunca Digas Adeus foi inspirada
no texto de Mirada de Mujer, telenovela mexicana da Azteca, produzida em 1997, que
por sua vez era a adaptação da telenovela colombiana Señora Isabel. Mirada de Mujer
foi protagonizada por Angélica Aragón, Ari Telch e Fernando Luján e, no Brasil,
foi transmitida pela Rede Record, em 2000, com o título Olhar de Mulher.
Nunca Digas Adeus,
protagonizada pela atriz Lídia Franco, foi a história de Vera de Almeida
Barreto e o relato das escolhas de uma mulher que decidiu dedicar a vida à
família, que casou e abdicou de si para apoiar a carreira de advogado do
marido, Lourenço (Tozé Martinho), e para se dedicar à educação dos seus três
filhos: Madalena (Sofia Duarte Silva), Tiago (Alexandre da Silva) e Mónica
(Bárbara Norton de Matos). Além destes, dedicava ainda uma atenção especial à
sua mãe, Maria Teresa (Anna Paula), uma mulher conservadora e tradicional.
Apesar de todo esse carinho, Vera
sentia que o amor havia dado lugar a uma rotineira relação com o marido, que se
mantinha a seu lado mais por hábito que por outra coisa. Para piorar a
situação, descobria que Lourenço tinha um caso com uma mulher mais nova e para
quem reservava uma vitalidade que ela considerava perdida. Essa mulher era
Daniela Lopes (Rita Salema), uma advogada de sucesso de 30 anos, que realmente amava
Lourenço.
Vera, sentindo-se frustrada, repensava
sua existência, seus sonhos e seu dia-a-dia, questionando o seu papel enquanto
mulher. Com o apoio das amigas, decidia reconquistar o amor de Lourenço e
ressuscitar a paixão que um dia os uniu, mas o tempo não volta atrás e Vera descobria
que a solução não estava no passado, no amor de Lourenço, mas sim no futuro e
nas surpresas que a vida ainda lhe reservava. Assim, conhecia João Dias (Nuno
Homem de Sá), um jornalista separado e com um filho, com quem descobria uma
nova vida.
TUDO POR AMOR (2002)
Baseada em El Amor no es Como lo
Pintan, telenovela mexicana produzida pela Azteca, em 2000, protagonizada por
Vanessa Acosta e Héctor Soberón, que por sua vez foi inspirada em Betty, a Feia,
essa adaptação portuguesa não teve um grande público, apesar da história ter
como protagonista a atriz Sofia Duarte Silva, uma das maiores estrelas da
televisão portuguesa.
Neste folhetim, Alice Tavares
(Sofia Duarte Silva) era uma jovem que vivia com o pai Carlos (Guilherme
Filipe), a avó Helena (Irene Cruz) e o irmão João (Ricardo Raposo), e sempre se
esforçava para conseguir tudo o que possuía. As suas grandes amigas eram Paula
(Cláudia Oliveira) e Joana (Catarina Mil Homens) que, apesar de serem muito
diferentes de Alice, eram unidas como uma espécie de três mosqueteiros.
Apesar da sua inteligência,
simpatia e preparação, Alice não tinha uma vida normal, sempre era discriminada
devido à sua aparência pouco estética, situação que se relevava devido ao seu
bom caráter e maturidade. Como qualquer jovem da sua idade tinha fantasias e
sonhos e mantinha a esperança de um dia encontrar o seu príncipe encantado.
CORAÇÃO MALANDRO (2003)
Partindo de uma adaptação
livre do texto original colombiano Pedro, o Escamoso, levado à televisão em 2001,
através do canal Caracol Televisión, com Miguel Varoni no papel principal, Coração
Malandro foi a história de José Maria Pardal (Pepê Rapazote), também conhecido
por Zé Passarinho, que se via obrigado a fugir da aldeia de Piódão para Lisboa,
onde se apaixonava por várias mulheres e voava de ninho em ninho à procura do
verdadeiro amor.
Mesmo com muito humor, romance
e um pouco de drama, Coração Malandro foi um fracasso de audiência.
Inicialmente, era transmitida às 19h00, de segunda à sexta-feira, mais tarde,
passou a ser emitida somente às sextas-feiras, às 23h00, e em sua reta final
ocupou a faixa das 16h30.
DOCE FUGITIVA (2006)
Adaptação da telenovela
argentina Kachorra, produzida pela Telefe, em 2002, Doce Fugitiva estreou em
Portugal no ano de 2006 e teve a atriz Rita Pereira em seu primeiro papel como
protagonista. A história relatava a vida de Maria Estrela Santos, conhecida por
Estrelinha, uma jovem de vinte e dois anos que trabalhava no café do pai, ao
mesmo tempo em que fazia voluntariado num lar de acolhimento para crianças em
situação de risco. A mãe havia saído de casa quando ela tinha quatro anos e foi
criada, juntamente com o seu irmão Amadeu (Gonçalo Neto), por Francisco (Manuel
Cavaco), o pai, que se desdobrava entre os trabalhos domésticos e o café, que
continuava a ser o sustento da família. Maria Estrela via na Irmã Benedita
(Luisa Cruz) a figura da irmã mais velha, da conselheira, que nunca teve na
mãe.
A vida de Estrelinha mudava no
dia em que era acusada de homicídio. Mas, ao ser transferida para a
penitenciária onde aguardaria o julgamento em prisão preventiva, o carro da
polícia sofria um violento acidente com um táxi que vinha em sentido contrário.
Maria Estrela aproveitava esta oportunidade para tomar a identidade da
passageira que seguia no táxi e conseguia fugir. O que ela não esperava era que
Maria dos Anjos (Maria Frade) fosse uma noviça que acabava de sair de um
convento. E quando tocava o celular da noviça, Maria Estrela ficava sabendo que
estava atrasada para um encontro com Leonardo de Noronha (Rodrigo Menezes), o
dono de uma conhecida fábrica de chocolates que se encontrava à beira da
falência, e que Maria dos Anjos era uma conhecida mestre na doçaria do
convento.
O risco de ser descoberta era constante,
pelo que Maria Estrela tinha que tramar inúmeros planos para conseguir
manter-se em liberdade e assim provar que era inocente do crime pelo qual era
acusada, ao mesmo tempo em que ia ajudando todos os que cruzavam o seu caminho
a serem felizes.
DEIXA-ME AMAR (2007)
Substituindo Doce Fugitiva no
horário nobre, Deixa-me Amar foi adaptada do original argentino Sos mi Vida, exibida
pelo Canal 13, em 2006. A história girava em torno de uma lutadora, Lara Guerra,
interpretada por Paula Lobo Antunes, que conhecia e se apaixona por Martim
Botelho, vivido por Paulo Pires, um empresário de sucesso, dono de um grande
grupo econômico ligado ao ramo da informática.
Além dos computadores, Martim
adorava automóveis e as corridas. Ex-campeão de Super Touring, deixou de correr
nas pistas, mas vivia a vida em alta velocidade. Martim era viúvo há cinco
anos. A tragédia entrou em sua vida quando menos esperava, quando a esposa
morreu num acidente de viação. Martim nunca mais foi o mesmo, até que Lara
entrava na sua vida, como um furacão.
ELE É ELA (2010)
Adaptação feita pela Casa da
Criação com base na telenovela argentina Lalola, Ele é Ela foi protagonizada
por Benedita Pereira e Marco D'Almeida. Composta por 28 episódios, a série contava
a história de Júlio Bordal (Marco D'Almeida), um mulherengo que bebia uma poção
cujo efeito o transformava em uma mulher, Julieta (Benedita Pereira).
Diretor de uma revista de
sucesso, a H+7, Júlio era surpreendido
através de uma poção química dada pela mulher errada em um encontro noturno, e era
transformado em mulher. Nascia então Julieta, que aprendia a ser mulher em um
mundo dominado por homens, apesar de continuar tendo gestos muito masculinos,
que aos poucos começava a moderar.
BELMONTE (2013)
Produzida em 2013, Belmonte tratou-se
da adaptação de um formato original chileno, Hijos del Monte, de 2008, que também
deu origem a versão colombiana Los Herederos del Monte, produzida pela RTI para a Telemundo, em
2010 e, mais tarde, a adaptação árabe, intitulada Al Ikhwa, de 2014.
O enredo de Belmonte contava a
história de cinco irmãos adotados que, de um momento para o outro, viam sua
vida dar uma guinada de 180 graus com o aparecimento de uma irmã ilegítima, até
então desconhecida. Paula Belmonte (Graziella Schmitt) deixava o Brasil e
retornava à Europa para assumir a herança do pai biológico, Emílio (António
Capelo), porém, para isso, ela teria que disputar a fortuna com seus cinco
irmãos adotivos. Entretanto, acabava se apaixonando por João (Filipe Duarte), o
mais velho deles, mas esse amor era visto como um empecilho para os planos da
mãe dela, Sofia (Manuela Couto), que queria se apoderar de toda a herança por
uma vingança pessoal.
Belmonte tornou-se uma das
maiores apostas da dramaturgia da TVI dos últimos anos, inclusive não se
limitou às terras portuguesas, tendo as cenas de seus primeiros capítulos
produzidos no Brasil, com imagens gravadas em Corumbá e no Pantanal, no estado
de Mato Grosso do Sul. A protagonista Paula, vivida pela brasileira Graziella
Schmitt, foi a convidada de honra e o destaque do folhetim, que, inclusive, foi
nomeado ao Emmy Internacional de Melhor Telenovela, ao lado das produções My
Husband's Lover, das Filipinas; 30 Lives: Maxim Bouchard, do Canadá; e Jóia
Rara, do Brasil, que foi a grande vitoriosa do ano.
MULHERES (2014)
Com base na narrativa da
telenovela colombiana El Último Matrimonio Feliz, levada ao ar originalmente em
2009, pela RCN, e que, posteriormente, ganhou uma versão mexicana intitulada
Para Volver a Amar, realizada pela Televisa, em 2010, Mulheres, a adaptação da
TVI que ainda está no ar, mostra como sete casais lisboetas vivem diferentes
momentos nas suas relações. Todos têm problemas por resolver. Os desafios que
se colocam a cada casal são diferentes - uns mais graves, outros mais comuns e
previsíveis. Alguns puramente egoístas.
Nesta história, somente
Mariana (Sofia Alves) e Guilherme (Albano Jerónimo), casados há vinte anos,
parecem ter um casamento à prova de crise. Há quem diga brincando que os dois
têm o último casamento feliz de Portugal. O único problema da vida de Mariana é
o excesso de trabalho. Ela é uma vendedora imobiliária de exceção, fechando
negócios que todos consideram impossíveis, e o patrão não a deixa descansar.
Um dia, por um descuido com as
horas, a sua filha Duda (Inês de Sá Frias) sofre um acidente e Mariana decide
que é tempo de fazer mudanças. Demite-se do seu emprego, desistindo de um
negócio milionário, e abre uma pequena imobiliária, a Em Sua Casa. Por sua
decisão, só contrata mulheres que realmente precisam de trabalho, juntando um
grupo sem nenhuma experiência no ramo, mas cheio de vontade de aprender e de
dar o seu melhor. É assim que estas mulheres começam a trabalhar juntas. São
todas mulheres em crise, mas determinadas a andar com as suas vidas para frente.
Um comentário:
Essa novela Belmonte é muito boa assisto pelo youtube!
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