domingo, 12 de dezembro de 2010

Do original ao remake: Teresa


A ambição, a vaidade e a inveja de Teresa foram vistas pela primeira vez em 1959, quando as telenovelas mexicanas já estavam na boca do povo e muitas atrizes e atores do cinema e da televisão começaram a ser contratados pelas emissoras.

Com uma importante preparação teatral e uma sólida presença cênica Maricruz Olivier chegou ao Telesistema Mexicano na telenovela da Colgate-Palmolive: Teresa. Foi um êxito de tamanho extraordinário. Rafael Banquells a dirigiu esplendidamente e Luis Beristain, Aldo Monti, Alicia Montoya, José Luis Jiménez, Graciela Doring e Beatriz Aguirre, também formaram parte do elenco.

Com uma história original de Mimí Bechelani, contada em 50 episódios, Maricruz Olivier, ao vivo e com falas decoradas, fez uma interpretação perturbadora; ninguém como ela conseguia manifestar tal loucura ao arquear as sobrancelhas, abrir desmesuradamente seus olhos verdes e travar as mandíbulas. Era o pesadelo das donas-de-casa ao fixar seus belos olhos diretamente nos olhos do galã seduzindo-o, irremediavelmente, como uma doce bonequinha angelical, escondendo eficientemente o que realmente era: uma mulher disposta a tudo com tal de alcançar seu propósito.

O tema já era batido, porém foi eficaz: Teresa (Maricruz Olivier) era uma mulher bela e muito inteligente, que gozava de saúde e do amor de seus pais; a única coisa que lhe faltava era o dinheiro, algo que sempre desejou.

Certo dia, conhece o professor Héctor de la Barrera (Antonio Bravo), um distinto advogado. Teresa decide falar com o professor e lhe pede que pague seus estudos universitários em troca de continuar sendo a maior promessa de sua geração. De la Barrera aceita imediatamente, mas, por sua vez, pede que o ajude, como assistente, em seu escritório.

Teresa torna-se amiga de Luisa (Beatriz Aguirre), a irmã de Héctor e pouco a pouco vai ganhando a confiança dos irmãos De la Barrera, o que faz com que comece a seduzir seu professor, que se apaixona enlouquecidamente.

Teresa mente a seus pais e diz que seus estes a maltratam, de maneira que Luisa e Héctor a convidam para morar com eles. Em sua ambição, Teresa decide se casar com Héctor, abandonando Mario, o amor de sua vida.

Pouco tempo depois, Teresa conhece o pretendente de Luisa, José Antonio (Luis Beristain) e decide brincar com ele. Se manda da casa de Héctor e vai morar com José Antonio, mas ele se dá conta de que é uma mentirosa e calculista e a expulsa, voltando com Luisa.

Héctor volta com sua ex-namorada e Teresa implora perdão, mas eles a pedem que não volte nunca mais. A ambiciosa volta ao cortiço e pede perdão a seus pais, familiares e a todos os que causou dano, e tampouco estes a perdoam. Assim, Teresa abandona a vila e desaparece sem voltar, ficando sozinha e desprezada por todos.

A versão original de Teresa teve um dos finais mais atraentes dentro do mundo das telenovelas quando a protagonista é humilhada e pisoteada. Seu próprio pai a expulsa do velório de sua mãe e ela, mesmo com o poder social que tanto desejou e pelo qual pisoteou a todos para ocupar esse lugar, é desmascarada e repudiada.

Finalmente destruída moralmente, chega ao Parque de los Venados e grita horrorizada, lembrando que continua sendo virgem, pois nunca se deitou com ninguém. Desolada, fica sozinha no frio da madrugada.

Com o passar dos anos, em 1961, surge uma nova versão de Teresa, desta vez em formato cinematográfico. Adaptado pelo roteirista Edmundo Baez, e dirigido por Alfredo B. Crevenna, o filme, de 90 minutos, levou novamente Maricruz a protagonizar Teresa. A produção conservou grande parte do elenco original da telenovela, contando com as atuações de Alicia Montoya, Beatriz Aguirre, Luis Beristain e José Luis Jiménez.

Em 1965, a TV Tupi, no Brasil, realiza sua própria versão, protagonizada por Georgia Comide e Walmor Chagas. Teresa (Geórgia Gomide), cuja ambição maior era ser rica, linda e admirada, para atingir o objetivo, parte em busca de um casamento com um milionário. Deixa para trás o amor sincero de Mário (Luís Gustavo), um pobretão, amigo de infância, e cai nas graças de um remediado professor de meia-idade, Heitor (Rildo Gonçalves).

Através da irmã do professor, Luísa (Marisa Sanches), sua melhor amiga, conhece o homem de seus sonhos, José Antonio (Walmor Chagas), um industrial rico. Para conquistá-lo, mente, trapaceia e renega a família. Quase consegue seu intento, mas, ao final, é desmascarada.

Conta-se que a versão brasileira, adaptada por Walter George Durst e exibida entre 11 de janeiro a 30 de março de 1965, às 20h00, com a direção de Geraldo Vietri, foi a primeira a telenovela brasileira que deu mostras de seu poder de mistificação sobre o público, visto que quando Geórgia Gomide, ao chegar à Praça do Patriarca, centro de São Paulo, para se apresentar no programa de Luiz Ayala, locutor da rádio Tupi, foi agredida e insultada por uma telespectadora inconformada com as maldades de sua personagem. Como consequência, teve o rosto machucado e não pôde gravar o capítulo do dia seguinte.

Além de Geórgia Gomide, no papel de Teresa, que recebeu o Troféu Imprensa de melhor atriz em 1964, a versão brasileira contou com a estreia de Walmor Chagas (José Antônio) e as atuações de Luís Gustavo (Mário), Rildo Gonçalves (Heitor), Marisa Sanches (Luísa), Maria Célia Camargo (Joana), Percy Aires (Armando), Lisa Negri (Aurora), Guiomar Gonçalves (Conceição), Néa Simões (Josefina), Xisto Guzzi (Fabiano), João Monteiro (Romeu), Rita Cléos, Sérgio Galvão, entre outros.

Os anos passaram e Teresa deixou sua pegada. Em 1967, um novo remake é realizado por Valentín Pimstein, na mesma emissora Telesistema Mexicano, atual Televisa, que reeditou a história, dando um novo título para que não fosse identificada como cópia. Assim, apresentou El cuarto mandamiento. Além do título, o nome da protagonista também foi alterado, mas esta continuava morando num cortiço, a ponto de dar início à sua carreira de ascensão social com base na manipulação de seu maior tesouro: a virgindade.

Quem interpretou os protagonistas foram Pituka de Foronda e Guillermo Zetina, já Carlos Becerril foi o galã pobre. Participaram também Gloria Leticia Ortiz, Lupita Lara, Graciela Doring, Ada Carrasco, Fernando Mendoza, Miguel Córcega, Carlos Becerril, Mauricio Herrera e Leopoldo Pineda. A trama não recebeu a acolhida que pretendia e caiu no esquecimento.

Passaram-se 22 anos e novamente Teresa volta às telinhas, agora vivida por Salma Hayek, que novamente aparecia numa telenovela, após sua estreia em Un nuevo amanecer. Adaptada por Silvia Castellijos, produzida por Lucy Orozco e gravada em 1989, Teresa foi um desafio assumido pela atriz mexicana ao dar vida à menina orgulhosa e gananciosa que queria subir na vida a qualquer custo e se livrar da miserável pobreza.

Dentro de uma atmosfera na qual os conflitos familiares derivados da pobreza são o pão de cada dia, Teresa, jovem inteligente e bela, lutava desesperadamente para escapar da vida de pobretona que levava no bairro onde vivia.

Querendo romper com a miséria que contribui com a perda de sua única irmã, e recobrar a fortuna que uma vez desfrutou junto de sua avó paterna, a jovem planeja, em seu quarto, aventuras audazes a fim de adentrar o mundo que a deslumbra: viagens, jóias, roupas e poder.

Para isso, faz com que sua amiga e companheira de estudos, Aurora (Patricia Pereyra), a enturme no seu círculo de amizades. Aí conhece Raúl (Miguel Pizarro), o primo de Aurora, um jovem milionário, porém neurótico e com tendências suicidas. Ao saber, equivocadamente, que é rica e vendo que é dona de uma grande beleza, Raúl fica abobado por ela e mesmo descobrindo que, na realidade, Teresa é pobre e mentirosa, Raúl fica obcecado e a perdoa.

Temendo que sua oposição à relação faça com que Raúl se suicide, os pais de Aurora aceitam o romance dele com Teresa. No entanto, ao longo da história, Teresa vai aprendendo que a ambição e a mentira somente levam à infelicidade e à solidão.

Salma Hayek, que tornou-se uma estrela de Hollywood através dos anos, não recebeu esta oportunidade em Teresa por méritos próprios, quando da noite para o dia virou protagonista, mas sim, por ordens de Víctor Hugo O’ Farrill, que naqueles tempos era um dos principais executivos da Televisa e desejava a melhor das histórias para a namorada que havia tomado o lugar de sua ex, Erika Buenfil.

Vale mencionar que Lucy Orozco se deu ao trabalho de lapidar Salma e, segundo se comentou em seu tempo, o ator e produtor Ernesto Alonso lhe deu conselhos para que a veracruzana não se passasse por ridícula, ainda que na opinião de alguns jornalistas tenha passado. Muitos dizem que o ponto negativo deveu-se à falta de experiência cênica de Salma e ao pouco realismo de sua interpretação.

O certo é que apesar de dividir opiniões de críticos e telespectadores, essa terceira versão mexicana teve um êxito memorável, mesmo sendo uma versão livre da história de Mimí Bechelani, distanciada da original.

Cinquenta e um anos após a atuação de Maricruz Olivier, quem dá vida à Teresa no ano de 2010 é a francesa nacionalizada mexicana Angelique Boyer, em seu primeiro papel protagônico na Televisa. Junto dela, atores como Aarón Díaz, Sebastián Rulli, Ana Brenda, Cynthia Klitbo, Fernanda Castillo, Margarita Magaña, Jéssica Segura, Silvia Mariscal e Manuel Landeta, complementam o elenco que revive a história de Mimí Bechelani adaptada por Ximena Suárez e sob a produção de José Alberto Castro.

Teresa (Angelique Boyer) nasceu pobre e não soube aceitar essa realidade. Seus pais a apoiaram para que estudasse e se superasse, seguros de que com uma carreira sua filha melhoraria seu nível cultural e econômico. Quem também a apoiou foi Mariano, seu primeiro amor e o único homem a quem Teresa amaria, mas a seu modo.

O amor de Teresa é egoísta, e pensa que Mariano (Aarón Díaz) é somente seu e de mais ninguém. Acreditando que jamais poderá se apaixonar por outra, o deixou após três anos de namoro, pois se deslumbrou com o dinheiro de Paulo (Alejandro Nones), o melhor partido do colégio onde estuda graças a uma bolsa.

Calculista como é e tendo uma carta sempre debaixo das mangas, Teresa escondeu seu namoro de Mariano, de sua família e de todos da vizinhança onde mora. Igualmente, tratou de esconder de Paulo sua verdadeira condição socioeconômica.

Quando Paulo descobre que ela é pobre, se esquece do compromisso que haviam falado e tenta torná-la sua amante, mas o rejeita, e ele, por despeito, se torna namorado de Aída (Margarita Magaña). Juntos, a humilham, exibindo em público sua pobreza e suas mentiras. Magoada, Teresa jura que se vingará deles, que nunca mais voltará a ser pisoteada e que conseguirá tudo o que quer, sem se importar com a forma e com o preço que terá que pagar.

Teresa consegue a ajuda de seu professor, o prestigiado advogado Arturo de la Barrera (Sebastián Rulli), que financia sua carreira e, sutilmente, trata de conquistá-lo fingindo não se dar conta dos sentimentos que desperta nele. Ao mesmo tempo, reata sua relação com Mariano, porque morre de ciúmes ao descobrir que sua amiga milionária, Aurora (Ana Brenda) está se apaixonando por ele.

Teresa não está disposta a esperar que o amor de sua vida construa uma carreira e ganhe dinheiro, assim, decide que Arturo é quem mais lhe convém. Fingindo que seus pais não a querem e, inclusive, a maltratam, Teresa consegue que Luisa (Fernanda Castillo), a irmã de Arturo, a leve para morar na casa dos De la Barrera.

Morando ali, Teresa deixa o professor louco de amor, e este quer lhe confessar seus sentimentos, mas se contém, pois prometeu ao pai de Teresa que esperará até que ela deixe de ser sua aluna e tenha se formado.

Teresa despreza seus pais e quer se desligar deles por completo, já que somente a expõem ao ridículo. Refugio (Silvia Mariscal), sua mãe, já esperava por isso, pois nunca se deixou enganar com o modo de ser de Teresa, mas Armando (Juan Carlos Colombo), cai em profunda depressão já que adorava sua filha e tinha se sacrificado por ela até ir parar na cadeia.

Justamente quando Teresa obtém seu novo título, e conta com relações suficientes para exercê-lo, desejando se casar com Mariano, termina com ele para aceitar Arturo que trata de impulsionar sua carreira e levá-la a Europa para uma temporada, para resolver uns assuntos internacionais que a trarão mais prestígio.

Quando está pronta para aceitar a proposta de Arturo, Teresa conhece Fernando (Daniel Arenas), o pretendente de Luisa, um jovem rapaz, bonito e multimilionário, descendente de uma nobre família e com a possibilidade de levá-la a um mundo ainda mais sofisticado na Europa.

Assim, mais uma vez, Teresa decide desprezar Arturo e conquistar o noivo de sua melhor amiga, que tem mais dinheiro e poder. Teresa abandona a casa dos De la Barrera e faz com que Fernando acredite que Arturo havia tentado violá-la. Por fim, consegue conquistá-lo e torna-se sua namorada, mas continua amando Mariano, decidida a não deixar que Aurora se aproxime dele.
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8 comentários:

Andy disse...

TERESA é outra que merece ser exibida no Brasil. Essa trama é demais, a vejo quando posso e a adoro muito. Angelique Boyer está em seu melhor momento na pele dessa gata ambiciosa e sensual. Gostaria muito que o SBT pudesse exibir essa trama no lugar daquele lixo juvenil, denomonado CAMALEÕES. Ninguém merece aquela porcaria. Ainda bem que no horário das 16h, assisto ao SUPER MIX, da Mix TV. TERESA, sim, é que é novela boa, assim como CUANDO ME ENAMORO e ALMA INDOMÁVEL, etc.

Vanessa G disse...

Vocês poderiam fazer uma materia do original ao remake de Rubi, a triologia das Marias, Direito de nascer, Carrossel e Betty a feia.

JUH disse...

Concordo com td q andy disse!! e onde vc assiste teresa??

Unknown disse...

Quando passara Teresa com Angelique Boyer aq no Brasil?????

Anônimo disse...

E a rubi seria uma versao?

Telenoveleiros! disse...

Rubi é uma outra história, veja mais em Do original ao remake: Rubi.

Anônimo disse...

novela mexicana teresa foi encurtada no no sbt a novela vai acabar na terca feirA 05/04/2012 o sbt exibiu ao todo 132 capitulos sendo que transmissao original do mexico em 2010 foi exibida com 150 capitulos

Telenoveleiros! disse...

Foi encurtada no SBT porque era exibido pouco mais de um capítulo original por dia.