sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Do original ao remake: Pobre diabla


Tudo começou nos anos 50, quando a cubana Inés Rodena resolveu escrever La gata, sua primeira radionovela. Já na década seguinte, Inés deixa para trás sua terra natal e ruma em direção à Venezuela, devido a Revolução Cubana. Neste país, quem a recebe é o produtor e compatriota Arquímedes Rivero, que trata de levar suas histórias ao rádio.

Assim, em 1968, La gata é levada à televisão com muito sucesso, sob a produção do canal estatal Venezolana de Televisión, protagonizada por Peggy Walker, Manolo Coego e Belén Díaz. Neste mesmo ano, realiza-se uma versão argentina, agora chamada Ella, la gata, adaptada por Armando Baielli, produzida por Jacinto Pérez Heredia e protagonizada por Marta González e Enrique Liporace.

Em 1970, é a vez do México, pelas mãos de Valentín Pimstein, produzir La gata para a Televisa, com as atuações protagônicas de María Rivas e Juan Ferrara, que ganharam reconhecimento, consagrando, também, Pimstein como grande produtor de telenovelas. Ao elenco somava-se diversas estrelas, como Magda Guzmán, Antonio Raxel, Emma Roldán, Carlos Cámara e Norma Lazareno, entre outros.

A trama contava a história de Renata Cruz (Martha Vázquez), uma menina pobre e suja que vivia junto de Dona Tila (Emma Roldán), uma pobre velha que a criou. Dona Tila, uma mulher muito interesseira por dinheiro, tem um filho que é delinquente, Tilico (Fernando Borges). No bairro, Renata tem muitos amigos, como Leticia (Magda Guzmán), que é prostituta, Damián Reyes (Antonio Medellín) e sua mãe Dona Mercedes (Josefina Escobedo), que a protegem e a defendem dos maus tratos de Dona Tila.

Também neste bairro, Renata conhece Pablo e Mariano, dois irmãos, filhos de pais ricos, de quem se torna uma grande amiga. Ambos a convidam para ir à sua casa, mas Lorenza (Ofelia Guilmain), ao ver que a garota é pobre, a expulsa. Renata (María Rivas), agora crescida, torna-se uma bela jovem, por quem El Francés (Eduardo Alcaraz), se apaixona.

O tempo passa e La gata, como chamam Renata, tem seu coração disputado por Pablo (Juan Ferrara) e El Francés. Porém, seu verdadeiro amor é Pablo, com quem se casa às escondidas, antes deste viajar ao exterior para estudar. No entanto, os pais do rapaz dissolvem o casamento sem se importarem com a gravidez de Renata. Ambos querem que Pablo se esqueça de La gata e se case com Mónica, uma garota muito rica e sofisticada. Renata dá à luz dois gêmeos e passa por diversas penúrias, mas muitas surpresas a esperam, incluindo o triunfo do amor sobre todas as adversidades.

Novamente em 1983, a Televisa voltaria a realizar uma nova versão da trama, agora intitulada La fiera, também produzida por Valentín Pimstein e protagonizada por Victoria Ruffo e Guillermo Capetillo, com a participação antagônica de Rocío Banquells.

Essa trama, que chegou ao Brasil somente em 1992, com o nome de A fera, trouxe Victoria Ruffo pela primeira vez em uma papel protagônico, personificando Natalie, a heroína pobre impedida de ficar com seu grande amor pelas armadilhas dos pais do galã. A história em A fera usou e abusou de clichês. Depois do casamento, ela tem gêmeos, fica cega, recupera a visão, se divorcia, fica rica, e depois briga pelo homem que ama. Tudo isso que acontece após o casamento representa o esticamento que a telenovela teve devido ao seu êxito, se distanciando, e muito, de La gata.

Em 1992, um grande sucesso é realizado na Venezuela, também com base no roteiro original de Inés Rodena: Cara sucia, produzida por Marisol Campos para a Venevisión, com as atuações principais a cargo de Sonya Smith e Guillermo Dávila.

A trama, considerada a telenovela venezuelana mais popular e de maior repercussão na América Latina, conta a história de Miguel Ángel (Guillermo Dávila), membro de uma das famílias mais ricas de Caracas, e de Estrella uma garota pobre, porém muito bonita e trabalhadora que, para sobreviver, vende jornais em uma esquina. Ao se conhecerem, acidentalmente, ambos se apaixonam à primeira vista e assim começa um romance que pouco tempo depois conduz ao casamento.

Porém, nem tudo é felicidade para o casal, já que os apaixonados têm que suportar a oposição dos pais de Miguel ángel, Horacio (Humberto García) e Rebecca (Chony Fuentes); além da paixão obsessiva que a malvada Santa Ortigosa (Gigi Zanchetta), ex-namoraqda de Miguel Ángel, sente por ele.

A saúde mental de Horacio se deteriora e o torna cada vez mais perigoso, a ponto de sequestrar os filhos gêmeos de Miguel Ángel e Estrella. Já nesta ocasião, Rebecca muda de postura e se dá conta que mantinha um conceito errôneo sobre sua nora, acusando-a de interesseira. Horacio se suicida após a polícia separá-lo dos gêmeos, e Santa morre ao sofrer um acidente de carro num barranco. Miguel e Estrella recuperam seus bebês e finalmente alcançam o amor e a felicidade que tanto desejavam.

No ano seguinte, em 1993, a Televisa realiza uma terceira versão mexicana da história de Inés Rodena, dessa vez sob o comando de José Rendón e com as atuações protagônicas de Angélica Rivera e Omar Fierro. Sueño de amor, o nome da nova versão, trazia, novamente o tema das diferenças sociais e da maldade de uma mulher que impedia Isabel de encontrar seu verdadeiro amor.

Dois homens lutam pelo amor de Isabel (Angélica Rivera), Mauricio (Sergio Basañez), um rapaz rico, agradável e sensível, que quer torná-la uma artista e Antonio (Omar Fierro), um vizinho pobre que consegue obter um título em Direito. Isabel se casa com Mauricio, mas sua família se opõe e a expulsa de casa. Mais tarde, Isabel descobre a verdadeira personalidade de seu marido: é histérico e ciumento, incapaz de superar as dificuldades da vida.

Aurelia (Malena Doria) e Anselmo (Tony Carbajal), os pais adotivos de Isabel, são muito maus e tratam de destruir seu casamento. Aurelia promete a Nacho (Guillermo Zarur), um bêbado, a mão de Isabel em troca do dinheiro que ele deve lhe entregar. Após o casamento ordenado por Aurelia, sequestram Isabel e a levam até Nacho para que ele a violente. Porém, quando Isabel briga com Nacho, alguém dispara, matando-o. Isabel é acusada de assassinato, é detida e fica sozinha. Mauricio a abandona e volta a viver com sua família. Somente Antonio acredita em sua inocência e a defende. Após ser absolvida, anula seu casamento e encontra seu sonho de amor ao lado de Antonio.

No ano de 2000, é a Venevisión que tenta repetir o êxito com Muñeca de trapo, protagonizada por Karina Orozco e Adrián Delgado. Também neste ano, a mesma Televisa decide por fazer um quarto remake, agora chamado Por un beso, protagonizado por Natalia Esperón e Víctor Noriega, sob a produção de Angelli Nesma. Ainda que o fio central da história fosse o mesmo, não teve o mesmo sucesso que A fera, e muito menos que La gata. Muitas modificações foram feitas. A mãe do mocinho por exemplo, já não era tão má como Helena, que até o último capítulo tentou prejudicar Natalie. Em Por un beso, a heroína não era selvagem e escandalosa como em A fera.

Em 2004, é chegada a hora do Brasil realizar uma adaptação de La gata, a chamada Seus olhos, protagonizada por Carla Regina e Thierry Figueira, sob a direção de Jacques Lagôa, Luiz Antônio Piá e Henrique Martins. A trama, realizada pelo SBT há seis anos, é a possível substituta de Esmeralda, exibida atualmente pela emissora.

Seus olhos contava a história, dividida em três fases, de dois jovens que se amavam. A primeira fase se passava em São Paulo na década de 1980, onde Marina (Carla Regina), órfã de pai desde pequena, e, agora com 21 anos, levava uma boa vida ao lado de sua mãe, Edite (Bete Mendes). Vítor (Petrônio Gontijo) e Tiago (Juan Alba) eram apaixonados por Marina, que não sabia que Vítor era casado com Elaine (Françoise Forton) e tinha um filho de dois anos, Artur.

Ao morrer, Edite deixa Marina órfã e esta, fragilizada, se entrega a Vítor, mas fica chocada ao saber que o namorado é, na verdade, casado e, imediatamente, termina o romance, se aproximando de Tiago, com quem se casa. Vítor dá um golpe que resulta na falência de sua empresa, Sérgio, o vice-presidente, descobre tudo e, depois de uma briga, Vítor o mata e culpa Tiago pelo ocorrido. Vítor conta para Marina toda a verdade, e, para provar que fez tudo por amor, passa todo o dinheiro que roubou para a filha recém-nascida da moça, Renata. Os dois brigam e, no final, Vítor assassina Marina.

Desesperado, ele procura provas para culpar Tiago, que, mesmo sendo inocente, é julgado e condenado a 30 anos de prisão. Renata é sequestrada por Dirce (Lu Grimaldi), uma exploradora de crianças. Rinaldo (Nico Puig), mais conhecido como Berro e filho da exploradora, comete um assalto e é preso, fazendo companhia para Tiago na cadeia.

Passam-se oito anos. Renata (Carla Regina) continua morando com Dirce, que a explora o quanto pode, até que uma assistente social inicie uma perseguição contra esta. Renata faz uma grande amizade com Artur (Thierry Figueira), filho de Vítor e Elaine, que lhe ensina a ler e escrever.

Mais doze anos se passam. Renata e Artur se apaixonam e namoram em segredo. Vítor e Elaine comemoram bodas de prata e na ocasião, Artur finalmente apresenta Renata à família como sua noiva. Elaine enlouquece e expulsa a futura nora de casa. Vítor fica pasmo com a semelhança entre Renata e Marina, e, imediatamente, desconfia que se trata da menina desaparecida há anos. A paixão que Vítor sentia por Marina renasce na figura de Renata. Assim, é formado um triângulo amoroso que envolve Vítor, Artur e Renata. Elaine sente que a história de mais de 20 anos atrás está se repetindo e fará de tudo para não perder Vítor.

Renata passa a morar no loft que pertencia à sua mãe e, quando encontra o retrato que foi tirado na maternidade, aos poucos toma conhecimento da verdade. Ela e Artur terão que superar os problemas e traumas do passado e ultrapassar os obstáculos do presente para terem um romance feliz.

Recentemente, em 2009, uma nova versão de La gata foi realizada no México, porém desta vez pela TV Azteca, em colaboração com a Venevisión: Pobre diabla, uma produção de Fides Velasco, protagonizada por Alejandra Lazcano e Cristóbal Lander, com a atuação estelar de Héctor Arredondo e a participação antagônica de Rafael Sánchez Navarro no papel de Horacio Rodríguez e Claudia Álvarez, como Santa.

Pobre diabla conta a história de Daniela e Santiago, que se apaixonam desde o primeiro encontro. Ela é uma jovem preciosa, rebelde e lutadora, criada em um dos bairros mais pobres da cidade. Ele é filho de milionários, um jovem que ainda não tem muito claro o que quer ser na vida até encontrá-la. Mas nem tudo sai como o esperado, pois a família de Santiago se opõe a essa relação, não somente pelas diferenças sociais, mas também por um trágico passado que os envolve: o brutal assassinato da mãe de Daniela, cometido pelo pai de Santiago há 20 anos atrás.
Blog Widget by LinkWithin

3 comentários:

Anônimo disse...

Espero que essa novela pobre diabla,seja a versao da tv azteca ou da da tv peruana espero que seja exibida no Brasil.A versa do sbt foi horrivel.

Anônimo disse...

O remake do sbt desa novela foi horrivel, cenarios mal acabados.

Andy disse...

Também não gostei de SEUS OLHOS. A trama era ruim demais. Carla Regina atua super bem, mas a trama foi muito ruim do começo ao fim. Queria que a CNT pudesse passar POBRE DIABLA. Aliás, seria legal se a emissora passasse as tramas da Azteca, além das tramas da Venevisión. Seria legal.