sexta-feira, 29 de outubro de 2010

México: Especialista em vilãs protagonistas

Na história das telenovelas se existe um país que se destaca por haver desenvolvido vilãs protagonistas, é o México. Mulheres malvadas que são o centro da trama foi a fórmula que teve seu maior apogeu nos anos 60 e 70, pois desde os anos 80 até atualmente foram escassas as vezes em que se pôde ver uma protagonista fazendo maldades. Estas, na maioria das telenovelas, são exemplo de bondade, muitas são tão boas que são dignas de beatificação. Quando aparecem casos de protagonistas malignas, geralmente, se alcançam bons resultados na audiência. Veja os casos mais destacados:


Nora (Senda prohibida)


Na primeira telenovela mexicana, original de Fernanda Villeli, um libreto que nasce da rádio, Silvia Derbez dá vida à Nora, a moça interiorana que chega à cidade grande com a intenção se tornar-se rica. Esta, primeiramente, trata de ganhar tudo honestamente, mas são tantas suas ambições que se deixa levar pelo caminho que acredita ser o mais fácil. Conquista um homem de classe social alta, casado há mais de vinte anos, com dois filhos, e destrói seu casamento, lhe tirando todo o dinheiro, mas ao maldades são pagas no final: Nora recebe seu castigo ficando sozinha e na pobreza, o homem recupera sua família perdida.


Teresa (Teresa)


Teresa, uma jóia das telenovelas mexicanas é um clássico original de Mimí Bechelani, que consagrou Maricruz Olivier no papel de Teresa, uma pobre jovem que vivia em um cortiço. Sua mãe, dona-de-casa e seu pai, um mecânico, tudo sacrificavam para que ela estudasse em um bom colégio e se formasse com mérito. Teresa, mesmo apaixonada por um rapaz de seu bairro, se relaciona com um professor para subir socialmente, e também com o cunhado deste. Renegando seus pais e sua pobreza, finalmente se descobre o lado escuro de sua alma. O homem do bairro, que era desprezado por ser pobre, refaz sua vida e torna-se um médico bem-sucedido. Teresa faz com que sua mãe morra de desgosto e quando volta à casa, seu pai a expulsa. Ao final chora pelo castigo que recebe: a solidão e o desprezo.


Deborah (La sonrisa del diablo)


Em La sonrisa del diablo, impactante título para 1970, Ernesto Alonso, aproveitando o êxito de Maricruz Olivier como Teresa, pensava nela para que a escritora Luisa Xammar desenvolvesse o roteiro. Maricruz dá vida a Deborah San Román, a ambiciosa mulher que entra na vida de um viúvo milionário, lhe tira todo seu dinheiro e o gasta com um amante insaciável. Uma mulher fria e calculista disposta a matar para alcançar seus propósitos.


Rubi (Rubi)


Rubi nasce de uma historieta de Yolanda Vargas Dulché. Fanny Castro interpretou a mítica mulher sensual que, igualmente a Teresa e Nora, vinha da pobreza, a qual renegava. Rubi usava seu belo corpo para alcançar seu objetivo: ser rica. Brinca com os sentimentos de um engenheiro milionário enquanto ama o médico amigo deste. A ambição e a beleza foram as armas de Rubi, que em sua versão de 2004 obteve muito êxito, protagonizada por Barbara Mori.


María de los Ángeles (El ángel caído)


Luis Reyes de la Maza criou em meados dos anos oitenta a versão novelística da viúva negra. Rebecca Jones interpreta uma mulher perturbada que perde seus pais em um acidente, sendo, ainda, uma criança, que fica traumatizada. A ambição pelo dinheiro a torna uma psicopata que se casa várias vezes, matando seus esposos para herdar-lhes sua fortuna. E pensar que esta se chamava María de los Ángeles.

Do original ao remake: Esmeralda


Foi em 1971 quando a Venevisión, canal venezuelano, decidiu exportar suas telenovelas, e o fizeram primeiramente com uma história original da escritora cubana Delia Fiallo, que tinha como título Esmeralda. Tal como a pedra preciosa, o drama protagonizado por Lupita Ferrer e José Bardina começou a brilhar da Venezuela para toda a América.

Até hoje, a telenovela da cega e do rico fazendeiro, cujos destinos foram trocados ao nascer, é lembrada por muitos daquela geração. Sempre que se faz referência à trajetória de Lupita Ferrer, inevitavelmente se menciona esta história, da qual Lupita sempre fala com orgulho.

A princípios dos anos 80, esta história teve seu primeiro remake, agora, sob título de Topázio, produzida pela RCTV, da Venezuela, em 1984, e protagonizada por Grecia Colmenares e Victor Camara. Aqui, as principais novidades em comparação à original foram a cor, as locações e as externas em um precioso manancial, onde, a princípio, foram gravadas algumas cenas que simulavam a protagonista tomando banho nua, mas que foram eliminadas por ordem da autora original.

Esta telenovela obteve tanto êxito na América que, passado poucos anos, chegou à Europa, sendo a Espanha e a Itália os países em que se tornou um verdadeiro sucesso, fazendo com que os protagonistas viajassem até lá para receberem diversos prêmios. Esse é outro êxito que ainda perdura na memória da geração que a viu.

Passaram vários anos até que, em 1997, a Televisa, do México, comprasse os direitos para um novo remake, protagonizado por Leticia Calderón e Fernando Colunga, que teve um alcance mundial. Países da Europa e da África, onde não chegavam as telenovelas, se comoveram diante da ternura da ceguinha que logo recuperava a tinha que decidir entre o amor de dois homens. Para a Televisa, este é um dos seus maiores êxitos internacionais.

Existe ainda a versão brasileira, que não teve grande repercussão internacional, mas que atualmente é reprisada pelo SBT, quem a produziu em 2004, protagonizada por Bianca Castanho e Cláudio Lins.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Os vinte finais inesquecíveis de telenovelas

Veja, a seguir, os vinte finais de telenovelas inesquecíveis, segundo a revista People:


20° Al diablo con los guapos (2007)


Milagros (Allisson Lozz) e Alejandro (Eugenio Siller) se casam, têm filhos, enterram seus pais, assistem ao casamento de sua filha e morrem juntos abraçados e velhinhos em uma praia. A par dos protagonistas, pôde-se ver a evolução futura de outros personagens, mas, ainda assim, este comovedor final deixou algumas perguntas como: O que aconteceu com tio Braulio (Miguel Pizarro)?


19° Alborada (2005)


Ninguém esperava ver Hipólita (Lucero) grávida e açoitada publicamente pelo Santo Ofício, após ter sido declarada adúltera. O inesperado também foi que dona Juana (Daniela Romo), morrendo de câncer, se suicida após haver envenenado seu sifilítico filho, o falso Conde de Guevara (Luis Roberto Guzmán). Esquecendo tanta desgraça, Hipólita e Luis (Fernando Colunga) se casam, batizam sua filha Aurora e celebram a liberação do México do domínio espanhol.


18° Rubi (2004)


Após cair do segundo andar, desfigurar o rosto com o vidro de uma mesa e sofrer a amputação de uma perna, Rubi (Bárbara Mori), com a ajuda de sua sobrinha, planeja se vingar de Alessandro (Eduardo Santamarina). Anos mais tarde, a mocinha, idêntica a Rubi, se apresenta diante deste com claros propósitos de seduzi-lo… e a história se repete.


17° A outra (2002)


Toda a vida de Carlota (Yadhira Carrillo) esteve marcada pelo desamor e a ambição de sua mãe Bernarda (Jacqueline Andere), que, afim de ficar com a fortuna de suas filhas, as destruía, lhes impedindo de amar. No último capítulo, Carlota simplesmente entrega a fortuna à sua mãe para que ajudasse a libertar Álvaro (Juan Soler). Bernarda, assassina, aproveitadora e péssima mãe, foge e gasta sua fortuna com jovens rapazinhos.


16° Manancial (2001)


Como se poderia solucionar o dilema de Adriana (Adela Noriega) e Alexandre (Mauricio Islas)? Como ela poderia recuperar seu manancial e o direito de ser mulher? Como Alexandre poderia perdoar seu pai, o maligno Justo (Alejandro Tommasi), que violou a mulher que amava? A solução veio da mão de Margarida (Daniela Romo), matando Justo e logo tentando cortar-se as veias. Alexandre impediu o suicídio de sua mãe e, após um retiro espiritual, Margarida pôde assistir ao casamento de Adriana e Alexandre.


15° Ramona (2000)


Foi triste ver dona Ramona (Helena Rojo) agonizar; assustador, ver Felipe (René Strickler) vencer sua fobia de água e se lançar no rio para salvar o bebê de Ramona (Kate del Castillo); e, emocionante, seu duelo final com o xerife Green (Sergio Sendel). Após, viu-se o final de cada personagem e inclusive o de Ramona, anos mais tarde casada com Felipe, vivendo no México e contando a história a seus filhos.


14° Tres mujeres (1999)


Fátima (Karyme Lozano) voltaria com Sebastián (Jorge Salinas), seu marido ressuscitado, ou ficaria com o oncologista (Eduardo Verástegui) que lhe havia salvado a vida? Ao final, Fátima vai buscar Sebastián até as Cataratas do Niágara e lhe confessa seu amor. O que ninguém esperava era que Yamile (Niurka), em uma de suas primeiras aparições na telenovela, matara Bárbara (Erika Buenfil), deixando Daniel (Alexis Ayala) e Manuel (Guillermo Capetillo) viúvos, encurtando, assim, o título somente para “duas mulheres”.


13° La dueña (1995)


Após ser resgatada por sua própria sogra (Rosita Quintana) das mãos de seu capataz (Salvador Sánchez), Regina aceitava se casar com o ex-seminarista José María (Francisco Gattorno). No mesmo dia de seu casamento, se celebrava os casamentos de outros personagens, mas a noiva mais esperada, a terrível Regina, não chegava. Quando o noivo já se desesperava, entrava na igreja Regina, vestida com trajes vaqueiros brancos.


12° Alondra (1995)


Após deixar que Bruno (Gonzalo Vega), seu amante, voltasse com sua esposa e seus filhos, Alondra (Ana Colchero) e sua bebê viajavam de volta ao México. No porto de Veracruz, eram recebidas por sua prima e melhor amiga María Elisa (Verónica Merchant), acompanhada pelo pintor Carlos Tamez (Ernesto Laguardia), marido enganado de Alondra. Carlos se aproximava dizendo que vinha conhecer sua filha, fazendo com que a adúltera percebesse que sua falha havia sido perdoada.


11° Laços de amor (1995)


Lucero enfrentou o maior desafio de sua vida ao interpretar Maria Paula, Maria Fernanda e Maria Guadalupe, trigêmeas muito diferentes entre si. No último capítulo, a assassina em série, Maria Paula, mantinha sequestradas suas irmãs e confessava a seu tio Eduardo (Otto Sirgo) que o amava, mas não como pai. Ele, horrorizado, a rejeitava e, como resposta, recebia um disparo mortal. Em seguida, Maria Paula se suicidava ou nos fazia acreditar nisso. Na cena final, nos damos conta que ela supostamente havia sobrevivido ao realizar seu gesto característico: levantar a sobrancelha.


10° Café com aroma de mulher (1994)


Acreditando que Gaivota (Margarita Rosa de Francisco) não o queria, Sebastião (Guy Ecker) se embriagava tomando todas de bar em bar. Gaivota, que havia chegado de Londres no último minuto, lhe seguia até a região cafeeira e terminava resgatando-o em uma tourada. Logo após um acelerado casamento, a história saltava sete anos, para mostrá-los felizes, criando seus cinco filhos, além dos filhos de outros personagens.


9° Dos mujeres, un camino (1993)


Com qual de suas mulheres ficaria Johnny? Difícil escolha tinha Erik Estrada entre a jovem Tania (Bibi Gaytán) e sua esposa, Ana María (Laura León). Após Tania morrer esfaqueada, Johnny voltava aos braços de sus esposa, mas esta o abandonava quando chamava por Tania em seus sonhos.


8° Los parientes pobres (1993)


Chucho (Ernesto Laguardia) compreendia que Margarita (Lucero) o amava e não ao odioso Bernardo (Alexis Ayala). Enquanto Chucho e Margarita se casavam na igreja do povoado, Bernardo os observava cheio de amargura por suas más decisões. Os recém-casados visitavam o túmulo do pai da noiva para que Margarita pedisse perdão por não cumprir seu juramento de viver de ambições e não de amor.


7° Coração selvagem (1993)


A história termina com um terremoto abalando o povoado de São Pedro; os vilões lançando João do Diabo (Eduardo Palomo) atado ao mar e Mônica (Edith González), grávida, resgatando seu marido. Ao final, o amor triunfa e o vilão da história, André Alcázar (Ariel López Padilla) pede perdão por toda sua maldade.


6° Amor de nadie (1990)


Após se salvar de um último ataque por parte de sua inimiga Vera (Alejandra Maldonado), que a tentou apulanhar, Sofía (Lucía Méndez) era feliz com seus filhos e seu terceiro marido (Saúl Lisazo). Após o incidente, a malvada foi presa e ficou muda, mas o pior castigo foi recebido pelo infame Raúl (Joaquín Cordero), que, na enfermara do presídio, se via marcado pelos estragos causados pelo HIV.


5° Cuando llega el amor (1990)


Enquanto Isabel (Lucero) e seu noivo (Omar Fierro) celebravam seu compromisso, sua prima e grande inimiga, Alejandra (Nailea Norvind), aparecia no terraço em seu cadeira de rodas, gritando: Isabeeeel!. Diante do susto de todos, a malvada se lançava da sacada e, na última cena, abria os olhos e sorria de forma diabólica.


4° Eu compro essa mulher (1990)


Ainda que Alexandre (Eduardo Yáñez) e Ana Cristina (Leticia Calderón) haviam feito as pazes, ele era acusado falsamente de um crime e somente o estouro da Revolução Mexicana o livrava do paredão. Os vilões, ao contrário, tiveram finais horripilantes. Rodrigo (Enrique Rocha) foi deixado atado em uma vala, a perversa tia Matilde (Alma Muriel) ficou presa em um sótão.


3° Paixão e poder (1988)


Um final insólito teve Artur Montenegro (Carlos Bracho), junto de sua família e amigos, quando celebravam a inauguração de seu hotel, longe da maldade de Eládio Gómez Luna (Enrique Rocha). Com o que não contavam era com a astúcia deste vilão que havia instalado uma bomba no sótão do hotel. Quando o artefato explodia, os bons morriam e Gómez Luna ia embora em sua limousine.


2° Vanessa (1982)


Enquanto o público se perguntava com quem ficaria a heroína: com o malvado Pierre (Rogelio Guerra), pai de sua filha, ou com seu marido (Héctor Bonilla), se espalhavam os rumores de que Lucía Méndez, a protagonista Vanessa, não aparecia nas gravações, alegando estar com bronquite. Como castigo, o produtor decidiu assinar sua personagem. Na última cena, Pierre dispara contra Méndez.


1° Ambição (1986)


Vários anos após o suicídio da malvada Catarina Creel (María Rubio), o filho que Alexandre (Alejandro Camacho) e Vilma (Rebecca Jones) roubaram de Leonora (Diana Bracho), de repente coloca um tapa-olho, como o que usava sua avó, e se lembra do nome com o qual esta o havia apelidado, pronunciando a frase mais memorável das telenovelas: “Eu não sou Bráulio. Sou o pequeno Edgar!”.

Mulheres assassinas 2: Soledad, cativa


DATA
28/10/10

HORÁRIO
22h50

CANAL
Rede CNT

COM
Angelique Boyer, Alfonso Herrera, Roberto Ballesteros, Alejandra Procuna, Francisco Avendaño, Fernanda Reto, Alexandra de la Mora, Pámela Reiter, Claudia Torres, Athalia Jiménez, Kara Kilinsky, Nur Rubio, Eryka Foz, Guadalupe Colin e Antonio Manuel

RESUMO
Soledad é uma jovem que não aceita o romance do pai. Outrora, quando sua mãe ainda era viva, o pai mantinha um romance secreto que se tornou aberto após ficar viúvo. Claro que Soledad já sabia e a vida para ela, diante disso, não tinha um sentido claro.

Numa viagem curta, a bordo do automóvel, ela discute com o pai e a madrasta e decide ficar pelo caminho. Pede carona na estrada até conseguir que uns agricultores a deixam num vilarejo. Ali, ela entra num bar, pede água e tenta telefonar para a melhor amiga sem obter sucesso.

Neste espaço de tempo, chega ao local o jovem chamativo Esteban, por quem Soledad se encanta de imediato e segue o resto da viagem ao seu lado. Anoitece e Esteban arma o seu esquema. Percebe que a jovem está apaixonada e ela nem se importa de passar a noite com ele num motel e de ali, entregar-se de corpo e alma.

Na partida, Esteban a deixa em determinado ponto, prometendo um dia telefonar. Ele sabe que ela vai pedir para seguir junto dele e assim, a leva para uma verdadeira fortaleza, uma refinada casa de prostituição onde a vende por bom dinheiro. Lá, ela é submetida a todo tipo de abuso e acaba tendo que se transformar numa fera.

A polícia tenta localizar o seu paradeiro e, para isso, utiliza toda a tecnologia disponível. Neste período de buscas, Soledad, confinada na casa começa a armar um plano de fuga sem obter sucesso. Mas num belo dia, os policiais finalmente localizam uma fugitiva do local que dá as primeiras dicas de onde fica.

Ao mesmo tempo, Esteban decide voltar a casa e pagar um alto preço para passar a noite com a moça. Ela, toda produzida promove nele um grande encanto e põe em prática a sua sede de vingança. Pena que ela não sabe que naquele exato momento os policiais já invadiram a casa para salvá-la. O preço a ser pago por ela é alto. E lembre-se: jamais se deve confiar em estranhos, afinal de contas, as aparências enganam e de vítima, você pode passar a criminoso.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Do original ao remake: A usurpadora


Corriam os anos cinquenta quando em Cuba se escutava pelo rádio a história de duas irmãs gêmeas separadas ao nascer e reencontradas pelo destino, uma, exemplo do bem, e outra, do mal. A história original de Inés Rodena teve tanto êxito na rádio cubana que transcendeu fronteiras.

Com a Revolução Cubana, a princípio dos anos sessenta, muitos autores saíram de seu país por não estar de acordo com o socialismo ditatorial ao qual seriam submetidos, entre eles estava Inés Rodena, que fugiu com uma boa quantidade de suas histórias e se estabeleceu em Miami com grande parte de sua família, pretendendo vender seus roteiros à Venezuela, que já decolava na produção de telenovelas.

A RCTV, na pessoa do diretor Juan Lamata, foi quem se interessou neste libreto, vendo muitas possibilidades de impacto entre o público. Inés duvidada que essa radionovela pudesse ser levada à televisão, já que seriam necessárias duas atrizes idênticas para interpretar as personagens, o que ela não imaginava é que, apesar da precariedade de recursos da época, Juan Lamata, a atriz Marina Baura e a RCTV enfrentariam o desafio.

Em 1971, vai ao ar a primeira versão para televisão de La usurpadora, protagonizada por Marina Baura e Raúl Amundaray, adaptada por Ana Mercedes Escamez, que recebia de Inés oito cenas diárias e as transformava em um total de dezessete, com a adaptação.

O sucesso em preto e branco ainda é recordado até hoje, Marina, excelente ao interpretar a mulher dupla  nos gestos, na voz, na maneira de andar, tudo fez para brilhar como atriz. De costas, Marina era duplicada pela atriz Helianta Cruz, que na telenovela interpretava a intrometida empregada da família Bracho.

Em 1981, após vários anos vendendo suas obras para a Televisa, do México, é produzida uma segunda versão intitulada El hogar que yo robé, que obteve os benefícios da televisão a cores, e cenas externas. Com roteiros adaptados pelo escritor Carlos Romero, uma ou outra vez, o produtor Valentín Pimstein quis modificar a história, introduzindo cenas de violência ou mortes para obter destaque no horário noturno. Romero, que não aceitava destruir tão boa história, se negava e de fato abandonou o projeto.

Daí em diante, o escritor Enrique Jarnes assumiu e continuou a adaptação, modificando a história que não recebeu boa resposta do público como se esperava, uma pena para figuras que antes haviam desfrutado do êxito, como Angelica María e Juan Ferrara.

Em 1986, a RCTV volta a produzir um remake desta história, agora com o título de La intrusa, com Mariela Alcalá e Víctor Cámara, alcançando melhor repercussão que El hogar que yo robé, mesmo não se tornando um fenômeno de audiência. A trama teve de ser modificada e a telenovela, que havia iniciado no horário nobre, teve de ser movida para o horário da tarde.

Em 1998, o produtor Salvador Mejía decide por produzir outra versão mexicana, retomando o título que tanto êxito havia obtido. Adaptada do começo ao fim por Carlos Romero, este queria Thalía como protagonista, mas esta, sentindo-se insegura, na aceitou interpretar o duplo papel. Vários nomes foram cogitados, mas enfim a protagonista escolhida por Romero foi sua compatriota, a venezuelana Gabriela Spanic, que com esta telenovela alcançou o sucesso mundial. Até o presente, essa versão é considerada outro clássico, tal como a protagonizada muitos anos atrás por Marina Baura.

Quando o México conquistou o mercado externo?


Logo após a chegada do videoteipe no México, no final da década de 1950, teve início a exportação de telenovelas, quando a televisão ainda era em preto e branco e os capítulos tinham apenas 30 minutos diários. Nessa etapa artesanal, as produções tinham traços parecidos, já que utilizavam textos do rádio ou do cinema e a mesma tecnologia. A produção era destinada principalmente ao mercado local ou, em menor escala, aos países do continente americano.

No México, a primeira a chegar ao mercado externo, nos anos 60, foi Gutierritos, da Televisa, na época Telesistema Mexicano. Nesse período as telenovelas mexicanas, até a década 70, tinham muitas vezes mais de 300 capítulos. No começo dos anos 80 a média padrão passou a ser de 140 a 160 capítulos. Todas as 103 telenovelas dessa década foram exportadas.

Entre 1970 e 1980, o gênero atinge o caráter decididamente industrial e de principal produto de exportação, ainda que apenas para o próprio continente, em diversos países, passando a ser transmitidas com maior intensidade. Na etapa industrial, cada país começa a adotar formas específicas de narrar uma história, com aspectos correspondentes à cultura do país produtor. México, Venezuela e Brasil destacam-se como os principais produtores e exportadores de telenovelas.

Foi em 1979 que o México se definiu como um produtor dramático para fins de exportação ao vender o maior sucesso de todos os tempos, visto em aproximadamente 130 países, Os Ricos também Choram (foto), com Verónica Castro e Rogelio Guerra. A trama chegou à Espanha, França, Itália, Suíça, Rússia, China e ao Brasil, que, a partir daí, começou a transmitir os sucessos mexicanos.

Do mercado latino-americano e do latino nos Estados Unidos tomam conta, em primeiro lugar, México e, mais tarde, a Venezuela. O alvo do Brasil começou na Europa - cujo mercado televisivo está cada vez mais aberto às telenovelas latino-americanas e às soap operas dos Estados Unidos - para depois atingir a América Latina.

Para os europeus, que estão acostumados a ritmos bem mais lentos de produção, seria muito mais caro produzir telenovelas diárias do que comprá-las. Diferentemente da América Latina, onde os profissionais são capazes de finalizar um capítulo em apenas um dia de trabalho. Sem contar que os países da Europa são os que mais pagam por capítulo diário exibido, em comparação à Ásia, América Latina e aos Estados Unidos.

A globalização do mercado fez da telenovela latino-americana uma verdadeira febre nos anos 80 e 90, etapa transnacional, que se mantém até hoje graças à exibição crescente de várias telenovelas em outros territórios, como a Europa e a Ásia. Com o objetivo de chegar ao mercado internacional, as tramas, desde sua produção, apresentam cada vez menos traços da cultura do país produtor, e ficam mais neutras, para agradar ao maior número possível de telespectadores.

O videoteipe levou outra inovação ao México, além da possibilidade de gravação e da exportação: o hábito de utilizar o ponto eletrônico, recurso também adotado pela Venezuela. O ponto, que ainda faz parte da rotina dos atores de telenovelas mexicanas, substitui os longos scripts, dispensa a tarefa de decorar textos, evita as interrupções das cenas, permite trabalhar em ritmos velozes, e, consequentemente, aumentar a produção. O objeto serve também para o diretor da telenovela fazer alterações ou dar dicas de última hora.

Ao mesmo tempo, o artifício impede que as produções mexicanas possam evoluir no quesito naturalidade na interpretação do elenco: como forma de ganhar tempo, o uso do ponto eletrônico para ditar os textos atrapalha a concentração dos atores. Na falta de ensaios, os profissionais acabam com a função de repetir o que a produção está ditando no ouvido. Na escola de formação de atores da Televisa os alunos aprendem a usar o ponto eletrônico desde o início.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Wallpapers da telenovela Camaleões

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