INTRODUÇÃO
A palavra telenovela é uma palavra de origem castelhana, particularmente do espanhol falado em Cuba, país precursor desse gênero audiovisual que foi inspirado nas radionovelas. O vocábulo é fruto da fusão das palavras: tele (de televisão) e novela, que em espanhol é o mesmo que romance em português.
Devido a sua longa duração, há quem aponte uma pretensa contradição em sua denominação, ao dizer que as telenovelas deveriam se chamar "telerromances". Porém, para a língua portuguesa, o gênero literário novela distingue-se do romance não pelo seu tamanho, mas pela forma como os eventos se sucedem na narrativa e pela abordagem folhetinesca de sua escrita.
A matriz original do termo mostrou ser forte a ponto de conseguir legitimidade em outros idiomas, como o russo, que preferia a palavra serial, para designar os folhetins audiovisuais.
A fala cotidiana em países como Brasil e a própria Cuba, aceita a forma abreviada de novela para chamar a obra audiovisual. Em Portugal e outros países da Europa, prefere-se o termo telenovela, a fim de distinguir a obra audiovisual da literária.
Nos EUA, as telenovelas recebem o nome de soap operas porque as primeiras produções, na década de 1960, eram patrocinadas por fabricantes de sabão (soap). Em língua inglesa, não se fala em novel porque isso indica o gênero literário romance, e não um programa de televisão como no Brasil. Em outros países latinos também são aceitas as formas: teleseries, teleteatros ou mesmo culebrones.
A TELENOVELA LATINO-AMERICANA
O Brasil conhece muito bem as tradicionais e grandiosas novelas do México. Tudo porque uma privilegiada emissora brasileira, que dava seus primeiros passos de carreira, contratou estas tramas à fazerem sucessos de audiência, nos anos 80, justamente por conta da gigante Televisa, uma das maiores emissoras e produtoras do planeta.
Em 1979, quando o SBT ainda era a TV Tupi, ia ao ar uma memorável obra de Inés Rodena: Os ricos também choram, um sucesso histórico, que rendeu a esta produção uma inacreditável vendagem para mais de 180 países pelo mundo, para vindouras adaptações. Os ricos também choram consagrou definitivamente à Verónica Castro, hoje, ainda uma grande atriz e, atualmente, apresentadora. No Brasil, essa novela foi produzida em 2005 pelo SBT, porém, com pouco sucesso.
Outras novelas da Televisa também foram um marco para a história da televisão mexicana e brasileira também. Nos anos 80 e 90, brilhava a estrela de Thalía. A cantora pop arrasava em todos os tipos de veículos televisivos e, além de tudo, emplacou 7 novelas. As quatro últimas, porém, foram as que mais renderam, nos dois países. Maria Mercedes, Marimar, Maria do bairro e Rosalinda. O sucesso de audiência foi gigantesco.
As crianças também não ficaram de fora deste embalo mexicano. Carrossel foi um marco no início dos anos 90, a ponto de abalar a forte concorrência que pairava na TV brasileira, afetando significativamente a Rede Globo. Carrossel, protagonizada exclusivamente por alunos, diretamente de escolinhas, em meio à uma professora simpática, um jardineiro fiel, entre outras mirabolâncias, foram os diversos fios condutores de um histórico sucesso. Tanto que, já nos anos 2000, uma segunda versão foi produzida e exibida com muito sucesso.
E não para por aí. Outros exemplos de grandiosas novelas também não merecem esquecimento. A usurpadora, feita entre 1998 e 1999, fez com que o SBT registrasse patamares incríveis, fazendo com que a protagonista Gabriela Spanic viesse várias vezes ao Brasil. Bem como várias vezes, esta e outras novelas mencionadas anteriormente foram reprisadas. Esmeralda, Amigas e rivais, O diário de Daniela, A outra, Por teu amor, entre outras, também tiveram sua vez de emplacar, e não fizeram feio.
E há exemplos recentes como, o principal deles, Rebelde, uma influência mundial entre jovens e adultos, crianças e adolescentes, que originaram o fenômeno auspicioso, da banda RBD. Rubi, A madrastra, A feia mais bela, Mundo de feras, Destilando amor, etc. são outros exemplos de referência dramatúrgica mexicana da década atual.
A Televisa, contudo, rompeu a duradoura parceria com o SBT, e agora terá adaptações produzidas pela Record. Enquanto isso, a CNT reprisa algumas tramas e exibe outras inéditas.
Os Estados Unidos não seguem em risca à tradicionalidade das telenovelas mundiais, seu negócio mesmo é seriado. Grandes sucessos marcaram gerações de enlatados norte-americanos, que vai à décadas, ainda no auspicioso surgimento da TV.
Alguns exemplos: Agente 86, Hulk, Super-Homem, Miami Vice, Barrados no baile, Dallas, Sex and the city, Friends, Gossip girl, Law and order, ER, Smallville, Lost, entre muitos outros.
Mas os Estados Unidos até que tem uma novelinha ou outra e até um novelão: All my children, exibida pelo canal ABC há quase 40 anos. Pois é. Quarenta anos! Quatro longas décadas, com uma história pouco alterada, mas um elenco diferenciado a cada ano. Apesar se ser uma das piores audiências desta emissora, que, junto com a CBS, CNN e NBC, são os canais mais populares dos States, e até mesmo do mundo.
As novelas da América Central também são lembradas positivamente. No Panamá e na Guatemala, recentemente, suas respectivas histórias de amor e romances puros geraram recordes de audiência.
A Venezuela, assim como outros países sul-americanos como o Brasil, também se destaca pelas produções noveleiras. Algumas delas inspiraram também títulos brasileiros. Exemplos recentes são Esmeralda, Cristal e Belísima. Raquel, nos anos 90, foi uma das maiores audiências da história do país. Mas a novela venezuelana mais conhecida por aqui é A revanche da Rede Record, que pôde garantir o sucesso desta exibição, em 1994. Atualmente, Isa TKM que combina humor, música, romance, muita cor e uma história escrita no estilo de comédia maluca, irreverente e ousada é apresentada em sua última semana pela Rede Bandeirantes, podendo ter uma sequência exibida em 2011.
Peru também garantiu seus sucessos. Nos anos 80, contou com o importante reforço de Manoel Carlos, já consagrado novelista brasileiro, para escrever novelas, não apenas peruanas, mas por quase toda a América do Sul. Este foi um dos momentos mais áureos da pacata teledramaturgia do país.
A Colômbia encantou com inúmeras telenovelas a partir dos anos 80, e também já trouxe enormes alegrias aos fanáticos. Em 2002, a ainda novata RedeTV! surpreendeu com Betty, a feia, mega sucesso do país que elevou, e muito, as audiências deste canal, conquistando muitas vezes a vice-liderança. Betty, a feia, gerou diversas adaptações, incluindo a mexicana A feia mais bela, e a série norte-americana de enorme repercussão Ugly Betty, ambas exibidas pelo SBT. Até mesmo o Brasil, atualmente, tem sua oportunidade para exibir a versão brasileira intitulada Bela, a feia, apresentada pela Rede Record. A RedeTV! trouxe também Pasión de gavilanes (Paixões ardentes), porém, com um fracasso surreal em 2004, registrando zero ponto de audiência.
Ainda no SBT, Café com aroma de mulher é mais um exemplo relevante. De grande audiência alcançada anos atrás, a surpreendente reprise de 2006 também repetia tal façanha às tardes.
O exemplo mais recente é Zorro: A espada e a rosa, adaptação televisiva da série badalada sobre o cavaleiro mascarado. Foi transmitida pela Rede Record em 2007, porém, sem muito sucesso, e com muitos problemas.
Por fim, nosso rival futebolístico também faz bonito em novelas. Na Argentina, sucessos passados e recentes marcaram épocas distintas. Casos de Alma pirata, Casi ángeles, Corazones de fuego, Kachorra, Laberinto, Princesa, Rincón de luz, entre outros. Também são feitas versões de nome Rebelde Way e Chiquititas, essa última com temporadas 2000 e 2008 exibidas pelo SBT, já terminando a parceria com a mexicana Televisa. A mesma emissora ainda exibiu, em 2007, o fenômeno portenho Lalola, com uma história totalmente inovadora e inédita que, por sua vez, não emplacou por aqui.
As novelas brasileiras, por sua vez, são referência no mundo inteiro. Famosas pela qualidade técnica e pelos enredos inovadores, muitas delas são exportadas para diversos países. Mesmo sendo as globais as preferidas dos telespectadores, outras emissoras ao longo da história conseguiram produzir alguns sucessos de audiência.
Porém, por mais que a qualidade dos enredos e das produções seja superior, a influência que elas têm sobre os telespectadores é muito maior. O jogo de imagens e sons, misturado com temas da atualidade e paisagens cinematográficas, muitas vezes acaba sendo mais prejudicial que o inocente drama das telenovelas genuinamente latinas.
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