As indústrias de produção televisiva de ficção de qualquer país crescem e se consolidam baseando-se na distribuição e exibição de suas séries e telenovelas em dois mercados: o interno e o externo. Precisam de ambos para se manter economicamente e sustentar seu crescimento.
Atualmente, o contexto internacional oferece boas oportunidades para as séries de ficção provenientes do mercado latino-americano. Observa-se que até mesmo nos Estados Unidos, a comunidade hispânica constitui-se um destino importante para tais produções. Emissoras como Telemundo e Univisión têm tomado força nos últimos anos com a emissão de telenovelas. Na Espanha ocorre o mesmo com as telenovelas latinas que também têm boa acolhida.
Nesse contexto, algumas séries e telenovelas peruanas, como Luz María ou Pobre Diabla, certamente tiveram êxito no mercado europeu, bem como a boa performance internacional de Escándalo, da Iguana Producciones. No entanto, apesar destes casos e outros similares, a indústria de ficção televisiva do Peru ainda não consegue gerar um círculo eficaz de produção e distribuição que permita estabelecer uma relação constante, natural e a longo prazo com o mercado externo.
Seus êxitos ainda são individuais, de alguns produtos, de alguns produtores, de algumas empresas, mas não do setor como um todo. A televisão de ficção feita no Peru de fato é exportada, porém não em volume, nem com a fluidez que necessita para se consolidar um processo de crescimento constante.
Os esforços por participar do mercado externo, ao longo de sua história televisiva, se remontam às primeiras tentativas de exportação de telenovelas da Panamericana Televisión, nos finais dos anos 60 e que ficaram incompletos a princípio dos anos 70. Nos anos 90, América Televisión iniciou com telenovelas como Luz María, Isabella, Pobre Diabla, entre outras, uma linha de produtos perfilada para o mercado internacional, mas isso terminou a princípio dos anos 2000.
Outra relação mais duradoura com o exterior é a da empresa Iguana Producciones, mas deve-se ter em conta que atualmente suas telenovelas são realizadas a cargo de empresas estrangeiras como a Venevisión Internacional. Atualmente, Frecuencia Latina Internacional vem oferecendo um pacote de produções nacionais, tentando aproveitar o contexto favorável sobre os produtos latino-americanos.
Ao longo destes anos, as séries e telenovelas peruanas demonstraram que podem ter qualidade mais que suficiente para adentrar o mercado internacional. As empresas do país contam com diretores, roteiristas, produtores, pessoal técnico e artístico bem preparado. O problema não é que não possa criar produtos de sucesso para o estrangeiro e exportá-los, o que até fazem de forma muito restrita, mas sim, que não consiga se posicionar nos níveis de empresas produtoras como a Rede Globo, Televisa ou TV Azteca.
Estas empresas não somente exportam produtos televisivos como também tem consolidado uma imagem de marca registrada, com uma linha de produtos de ficção clara e perfilada e com um estilo característico e recorrente em telenovelas e séries, que o público pode diferenciar e esperar.
O que impede o Peru de melhorar sua posição no mercado externo? O que o impede de construir e estabelecer essas relações a longo prazo? Para começar, a produção televisiva no país se vê diretamente afetada pelo entorno no qual se desenvolve, o fator político tem sido um dos importantes influentes no futuro da produção televisiva de ficção.
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