domingo, 26 de setembro de 2010

TV Brasil apresenta De la calle

A TV Brasil exibe neste domingo, 26 de setembro, às 23h00, o filme mexicano De la Calle, que tenta mostrar a realidade das crianças e adolescentes que vivem nas perigosas ruas da capital mexicana. Embora não seja um documentário, o filme cria uma atmosfera realista, evoca uma beleza sombria e algum senso de esperança em meio à miséria e à depravação.

Escrito por Marina Stavenhagen com base na obra teatral de Jesús González Dávila, De la calle foi gravado em 2001 e conta, em 85 minutos, a história de Rufino (Luis Fernando Peña), um garoto de 15 anos que trabalha como carregador em um mercado, mas que por ganhar muito pouco, também atua como mensageiro em um pequeno círculo de traficantes, encabeçado por El Ochoa (Mario Zaragoza), um policial corrupto, que tem o controle do bairro.

Porém, essa vida de miséria não agrada Rufino, que sonha com se mudar para Veracruz, conhecer o mar e trabalhar como estivador nos portos. Em certa ocasião, ele propõe isso a Xóchitl (Maya Zapata), a garota com a qual já tem um filho, mas com quem não mora junto por razões econômicas. Ela aceita e ele, tentado conseguir dinheiro para a viagem, se mete em problemas ao roubar dinheiro de El Ochoa, provocando assim uma perseguição da polícia.

Ao mesmo tempo, o garoto descobre que seu pai, supostamente falecido, continua vivo e mesmo nunca tendo se importado com Rufino este insiste em procurá-lo antes de ir à Veracruz com Xóchitl. A procura se torna rapidamente uma obsessão e coloca em risco a estabilidade do casal, fazendo com que tome decisões que mudarão suas vidas para sempre. Em sua busca pelo pai, Rufino transita por um mundo de luta livre clandestina, mendigos, prostitutas e ladrões, sendo, todavia, perseguido por El Ochoa.

O problema das crianças de rua foi sem dúvida a crua realidade mexicana que deu o impulso inicial para a realização da peça teatral do falecido Jesús González Dávila. No entanto, ao ser adaptado para a dramaturgia cinematográfica, sob o comando do cineasta Gerardo Tort, a proposta de De la calle tornou-se apenas um pretexto para que este pudesse filmar sua primeira produção.

Tort suavizou a trama original sob o pretexto de unicamente narrar a história de um jovenzinho marginal que busca incessantemente seu pai, temática com a qual tentou da maneira mais estética possível realizar um verdadeiro retrato dos meninos de rua, aos quais tomou como figurantes e como pano de fundo para nos contar o que verdadeiramente lhe interessava.

Entretanto, o valor principal do filme não está mesmo em sua narrativa, mas sim na revelação das condições em que vivem esta esquecida parcela da sociedade. O uso de indigentes reais, a maioria pré-adolescentes, bem como suas autênticas moradas nos sistemas de drenagem, formam um duro contraste com a vida “superficial” na qual inclusive a satisfação das necessidades básicas parece um extravagante luxo quando comparada a existência subumana desses garotos.

Assim é a proposta de cinematográfica de Gerardo Tort em De la calle, obra prima que lhe valeu, em 2002, onze prêmios Ariel da Academia Mexicana de Artes e Ciencias Cinematográficas, incluindo o de Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Atriz e Melhor Direção de Arte. No ano anterior recebeu os prêmios de Melhor Ator e Melhor Filme concedido pelo Juri no Festival de Cinema de Guadalajara e o prêmio de Melhor Diretor no Festival Internacional de Cinema de San Sebastián, na Espanha.
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