Com uma história simples, de baixo orçamento, o filme, gravado em 2001, em preto e branco, explora o micromundo dos personagens que se interagem no singelo bar da Constitución, bairro tradicional de Buenos Aires, povoado por muitos trabalhadores honestos, e outros nem tanto, provenientes de alguma província argentina, ou mesmo de países vizinhos, como a Bolívia e o Paraguai.
O filme, ambientado nos tempos da crise econômica, conta, em 80 minutos, a história de Freddy (Freddy Flores), um imigrante boliviano, que deixa a esposa e três filhas na Bolívia e viaja para a Argentina, na esperança de conseguir melhorar de vida.
No pequeno bar, localizado na esquina das ruas Pazco e Estados Unidos, alguns poucos clientes fiéis sempre têm tempo para comer um sanduíche, tomar um café ou beber uma cerveja. Como a maioria dos argentinos, muitos deles são amantes do futebol e do boxe e assistem a televisão pendurada na parede. Quando não há nada para ver, há muito o que dizer.
Um cartaz pregado na vidraça divulga a contratação de um cozinheiro experiente para começar a trabalhar no bar. Assim, Freddy, recém chegado ao país, e mesmo sem permissão para trabalhar legalmente, é o homem que consegue o posto.
Os clientes daí são maioritariamente taxistas e, nestes tempos de crises, possuem dívidas que os asfixiam. Desse modo, sem perspectivas de um futuro melhor, se juntam, se queixam e se embriagam. Para eles, o bar é a possibilidade de escape transitório, no entanto, Freddy cozinha, serve café e trata de se adaptar a esse mundo novo, distante de sua mulher e filhas.
Porém, neste bar, Freddy se envolve com outra imigrante, a paraguaia Rosa (Rosa Sánchez). Nesse cenário convivem também Enrique (Enrique Liporace), o dono do lugar e seus clientes habituais: El Oso (Oscar Bertea), um taxista problemático com problemas econômicos; seu amigo Marcelo (Marcelo Videla); Héctor (Héctor Anglada), um vendedor ambulante do interior do país, já cansado da luta diária; e Mercado (Alberto Mercado), outro taxista. Todos são vítimas de um destino que não se pode modificar.
O tema central do filme é o enfrentamento entre as pessoas de mesma classe social, trabalhadores que estão a ponto de serem demitidos e que são intolerantes uns com os outros. É um retrato de pessoas que puderam ter um futuro melhor e não o têm, gente vencida, presas em uma situação da qual não podem escapar e parecem não se dar conta do que estão fazendo, ou do que está acontecendo.
A escolha pela imagem em preto e branco complementa a representação do tema escolhido, do ambiente de miséria anímica que mostra a história, da humildade do bar, da repetida rotina e do clima opressivo que enfraquece os personagens.
Semelhante a um documentário, Bolivia ainda relata problemas de discriminação cultural, cuja complexidade inclui tanto abusos laborais quanto sexuais, e mostra como essa discriminação envenena as pessoas e as impulsiona a cometer atos atrozes em virtude de um ideologia que deforma a verdadeira aparência do mundo social, condenando ao desprezo àqueles cuja única vontade é procurar para suas vidas a dignidade que se encontra no trabalho diário.
Um comentário:
quero pedir a TV BRASIL que a novela da "Amy, a menina da mochila azul" fosse exibida em sua grade de programação.
desde já agradeço
ATENCIOSAMENTE:Patrick Souza
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