Os índices de audiência não são mais os mesmos. O burburinho em torno das tramas também diminuiu. Os críticos falam em crise no formato. Mas o fato é que as telenovelas brasileiras - prestes a completar 60 anos no ar - vivem, atualmente, um novo boom. Entre março e abril deste ano, nada menos que cinco folhetins estrearão na TV aberta do país.
Rebelde |
A Record reestreia seu segundo horário de novelas - agora às 19h00 - com Rebelde, dia 21 de março, e, em abril, é a vez de Vidas em jogo. O SBT volta a investir em histórias nacionais em Amor e revolução, com a exibição do primeiro capítulo no dia 5 de abril. A Globo também chega em dose dupla, com Morde & assopra, no dia 21 de março, e Cordel encantado, em 11 de abril.
Não é uma coincidência e, sim, uma estratégia das emissoras. É uma forma de desviar a atenção das estreias da Globo, que sempre traz novidades nesta época do ano por ocasião de seu aniversário. Xavier destacou ainda que as novas tramas chamam a atenção por serem completamente diferentes uma das outras.
As estreias serão para todos os gostos. Cordel encantado tem uma proposta fantasiosa; Amor e revolução, também de época, aborda um passado mais recente e politizado; Rebelde foca nos jovens e vem respaldada no sucesso da versão mexicana. Morde & assopra vem com humor e Vidas em jogo parece que vai trazer ideias novas.
O alto investimento em novas novelas por meio das emissoras se explica pelo retorno financeiro, diz o pesquisador. Apesar da crise de audiência, que é da TV em geral e não somente das novelas, as tramas ainda são o produto de maior Ibope das emissoras. E vai continuar sendo por muitos anos. É um programa vendável, com grande retorno financeiro.
E não apenas com a venda dos comerciais. Na extensa conta do lucro estão ainda a venda da trilha sonora, a comercialização para TVs de outros países, os merchandisings e produtos, como o batom do Valentim na novela Ti-ti-ti, por exemplo.
O Ibope, realmente, não é mais o mesmo. Para se ter uma ideia, o último capítulo da novela Vale tudo (exibido na Globo no dia 6 de janeiro de 1989), de Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères, atingiu picos de 94 pontos de audiência. Já o derradeiro de Passione (Globo), em 14 de janeiro deste ano, deu 52 pontos. Enquanto isso, sua sucessora, Insensato coração, patina nos índices, marcando, em média, 34 pontos, fora dos padrões da Globo para o horário, que é de 40.
Para o pesquisador da USP (Universidade de São Paulo) e autor do livro Quem Matou... O Romance Policial na Telenovela (editora Annablume) Claudino Mayer os índices mais baixos de audiência se devem ao preço da renovação do formato.
As novelas estão passando por um processo de renovação no sentido da maneira de contar uma história. O ritmo agora imposto é mais ágil, não tendo mais a "barriga" de antigamente. Tudo acontece muito rápido, em ritmo de seriado, com começo, meio e fim no mesmo capítulo. Com isso, a audiência sofre pelo ritmo da renovação.
Mas Mayer ressalta que a medição de audiência não estão contemplando as novas mídias. Hoje em dia muita gente vê novela no metrô, nos ônibus, no celular. E muita gente acompanha por reportagens e revistas. E a medição de audiência não acompanha este crossmidia.
A lista de novidades é puxada por Rebelde, estreia do próximo dia 21, às 19h00, na Record. A autora da trama, Margareth Boury, explicou ao R7 o que o telespectador pode esperar de sua história, que narra a vida de seis jovens que estudam num semi-internato e formam um grupo musical, tendo como pano de fundo as agruras da adolescência.
Rebelde, na versão brasileira, tem muito romance, ação, comédia e, claro, música. Temos seis jovens bem brasileiros, com conflitos adolescentes, pais que precisam conhecer mehor esses filhos e uma escola diferenciada. O trunfo é ter um texto ágil, uma direção integrada ao texto e os nossos seis protagonistas: o justiceiro, a patricinha mimada, o garoto-problema, a rebelde sem causa, o irreverente, e a que tem baixa autoestima. Juntos eles são poderosos. Separados, se perdem. Para atrapalhar a união, não faltam vilões.
Morde & assopra |
Amor e revolução |
Dia 5 de abril, às 22h, estreia no SBT Amor e revolução, de Tiago Santiago. A trama vai contar uma história de amor tendo como pano de fundo a ditadura militar do fim dos anos 1960 no Brasil. O novelista não respondeu ao e-mail e ao telefonema do R7.
Cordel encantado |
Na semana seguinte, dia 11 de abril, às 18h20, no lugar de Araguaia (Globo), chega Cordel encantado, da dupla Duca Rachid e Thelma Guedes. O luxo das realezas europeias e, como contraponto, as agruras do sertão brasileiro estarão na novela, que se passa nos anos 1920 e 1930. Duca, em conversa com o R7, promete aguçar a imaginação.
A novela é uma grande viagem pelo imaginário mítico brasileiro. Queremos criar um universo de sonho, mas com verdade, com sentimentos e personagens muito humanos. Nossos trunfos são uma história na qual acreditamos muito e um elenco maravilhoso sob uma direção competente.
E ainda em abril - sem data definida - estreia Vidas em jogo, de Cristianne Fridman, às 22h00, na Record, em substituição a Ribeirão do Tempo. A trama vai girar em torno de amigos que ficarão ricos da noite para o dia ao ganhar uma bolada na loteria na virada do ano, mas estão previstos uma série de mortes, como adiantou a novelista ao R7.
Vidas em jogo |
Colaboração: Giovani Lettiere (Portal R7)
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