domingo, 6 de março de 2011

TV Brasil apresenta Durval Discos

Neste domingo, 06 de março, à 1h15, a TV Brasil abre a exibição do Cine Ibermedia 2011- série de longas metragens produzidos em países da América Latina, Espanha e Portugal - com o filme Durval Discos, uma produção brasileira dirigida por Anna Muylaert.

Gravado em 2003, o filme conta, em 96 minutos, a história de Durval (Ary França) e sua velha mãe Carmita (Etty Fraser), que vivem há muitos anos isolados na mesma casa onde funciona a pequena loja de discos de sua propriedade, Durval Discos.

A loja, que um dia já fora muito conhecida pelos moradores do bairro de Pinheiros, passa a viver um período de decadência desde que Durval tomou a decisão de não trabalhar com CDs, mantendo-se fiel aos discos de vinil. O tédio e o abandono predominam neste mundo anacrônico.

Com a vida dividida entre os raros fregueses, o convívio com a mãe idosa e as esporádicas visitas da balconista da doceria ao lado, Durval sugere a contratação de uma moça para executar os serviços domésticos. O salário baixo acaba atraindo uma estranha candidata chamada Célia (Letícia Sabatella), que, embora demonstre disposição e competência, já no primeiro dia pede para sair mais cedo.

Depois de alguns dias no emprego, Célia desaparece, deixando para trás uma menina de cinco anos de idade - Kiki (Isabela Guasco) - e um bilhete, onde ela pede que cuidem de sua filha por três dias, data em que retornará. Durval e Carmita ficam assustados com a presença da menina, mas acabam acolhendo-a. Uma notícia de telejornal os coloca a par da triste realidade sobre a menina Kiki e a tal Célia. A partir daí, instaura-se uma trama de contornos policiais, explodindo contradições e agonia entre os personagens.

Anna Muylaert cativou público e crítica ao contar a história do quarentão Durval, que ainda mora com a velha mãe e que administra uma lojinha de LPs, se recusando terminantemente a vender CDs. Porém, tal qual um LP, Durval Discos tem seu lado A e seu lado B. Se o lado A é uma mistura entre comédia e drama familiar, o lado B é um complexo thriller com fortes doses de terror psicológico.

Enquanto estamos habituados às produções internacionais com referências à cultura pop deles, Durval Discos é um ode à cultura pop brasileira, seja pela musica típica dos anos 70 e 80, seja pelo caminhão de gás que passa na rua tocando a tão fatídica musiquinha que todos devem conhecer.

Interessante também ver a desolação psicológica dos personagens, castigados pelo passado que fica cada vez mais distante. Durval se sente ameaçado ao ver seu negócio e sua paixão ameaçados pela modernidade do CD. Dona Carmita sonha em ter a felicidade que tivera outrora, e acaba por ver naquela garota a possibilidade de reaver sua juventude e seu instinto materno, visto que ela aparenta ter consciência de que sua morte é cada vez mais iminente.

O longa ganhou sete Kikitos de Ouro, no Festival de Gramado de 2002, nas categorias de Melhor Filme, Prêmio do Júri Popular, Prêmio da Crítica, Melhor Direção, Melhor Roteiro, Melhor Fotografia e Melhor Direção de Arte. Além disso, recebeu as premiações de Melhor Roteiro, Melhor Atriz (Etty Fraser) e Melhor Direção de Arte no Cine PE - Festival do Audiovisual, em 2003.
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