quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Telenovelas chilenas: Surpreendentes, porém desconhecidas


O termo teleserie, utilizado para denominar as telenovelas no Chile, pode parecer estranho, e provavalmente poucos brasileiros tenham visto uma delas, ou até mesmo, muitos ignoram sua existência.

Atualmente, a TV Brasil exibe Karkú, uma série infanto-juvenil, criada por José Francisco García e Onell López Campos em 2006, e exibida originalmente em 2007 pela Televisión Nacional de Chile (TVN). A série, que já foi emitida em mais 140 países, virou fenômeno no Chile e já fez sucesso também no Brasil, onde começou a ser exibida pelo canal a cabo Nickelodeon em 2008. Como podemos ver, produções chilenas são excassas em nosso país.

O Chile começou a produzir teleteatros em meados dos anos 60, um pouco mais tarde que o México, quase simultaneamente que Venezuela e o Peru, e bem antes que a Colômbia. Hoje em dia, as telenovelas dos países mencionados atravessam o mercado latino, ao contrário da chilena que tem ficado para trás com seus esforços para se exportar quase nulos.

As razões para a pouca exportação são variadas e confusas. Existe o mito dos modismos: pensa-se que o público internacional não compreenderá as tramas chilenas, como se as produções de outros países não tivessem obrigado aos espectadores desde o Alasca até a Patagônia, a se acostumarem com outro vocabulário. Lamentavelmente, os encarregados de produzir telenovelas têm preferido concentrar-se no mercado local, o que se traduz em poucas produções e em pouca concorrência.

Nos anos 80, a teleserie chilena decidiu por seguir o modelo brasileiro: buscou diálogos realistas e aumentou a proliferação de subtramas com sólidos personagens secundários. Distanciando-se do dramalhão tradicional, a telenovela chilena optou pela primazia do humor sobre o pranto.

Porém no Chile, sempre existiu no mundo da televisão um certo resguardo, um tipo de auto-censura por parte dos produtores das teleseries. Devido a uma série de temas tabus, a maioria relacionados ao sexo, a telenovela chilena decidiu por fazer com que o romance não se tornasse o eixo central de suas tramas.

Em meados da década de 90, estabeleceram-se dois estilos de telenovelas no Chile. O do Canal 13, que preferia a comédia da maneira mais sofisticada e light, além de ter adotado a moda das tramas juvenis, com histórias relacionadas aos adolescentes, como Adrenalina, de 1996. Apesar desta onda, fez-se um drama representativo: Fuera de control, de 1999, uma história obscura de vingança, onde no final não se sabia quem eram os bons e quem eram os vilões.

A TVN, por sua vez, apostou no trabalho de dois diretores, Vicente Sabatini e María Eugenia Rencoret, que passaram a dividir a produção anual de teleseries. Rencoret utilizou-se de várias temáticas e estilos, desde dramas rurais até mistérios em pequenas comunidades. Amores de mercado, de 2000, foi uma das telenovelas de maior sucesso da televisão chilena, e foi ambientada em Santiago, principalmente na região do Mercado Central.

Com esta telenovela, Rencoret pôde, finalmente, chegar ao nível de Vicente Sabatini, que até então havia sido rei absoluto da área dramática da TVN, posto que havia alcançado, principalmente, por adaptações de roteiros brasileiros, como Estúpido cupido e O bem amado.

Sabatini demonstrou sua versatilidade ao apresentar a vida dos ciganos em Romané, de 2000, onde tratava o atrevido tema de um romance entre uma cigana e um sacerdote católico. Os protagonistas desta história foram Francisco Reyes e Claudia Di Girolamo. O casal já havia protagonizado outras telenovelas de Sabatini, mas Romané os tornou os adorados da televisão chilena.

Todas as teleseries mencionadas estão a altura das telenovelas mexicanas, brasileiras e colombianas contemporâneas e merecem ser exportadas para dar aos amantes do gênero uma nova visão de que se pode fazer com um bom roteiro, um bom elenco e um pouco de sabor chileno.
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