quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Dorama: A telenovela do Oriente - Parte 3


Semelhanças e diferenças entre as duas formas de mídia

O termo telenovela, criado pra definir as produções na América latina, nasceu da junção tele, de televisão, e de novela, que é usado pra definir o gênero literário. A telenovela tem como característica o melodrama antigo, sendo uma junção do folhetim do século 19 com as radionovelas produzidas na America Latina.

As telenovelas brasileiras têm como característica sua exibição seis vezes por semana, com uma duração oito meses, em média. O maior destaque de ambas produções fica para a faixa das 21h00, o horário nobre. Assim, vários canais fazem grandes investimentos em suas produções, colocando grandes celebridades como protagonistas, filmagens fora do país, entre outras formas de cativar o público.

Diferentemente das telenovelas brasileiras e mexicanas, as japonesas retratam muita tragédia e sofrimento, como no caso de Ichi rittoru no namida (Um litro de lágrimas) (foto), e nem sempre com finais felizes. Muitas dão ênfase à valorização da família, amigos e à vida, mas há também aquelas de comédia e com aventuras, mas o bom e velho dramalhão também está presente. Conhecidas como ren’ai, as telenovelas românticas costumam ter como personagens principais a kintsuma (esposa infiel) ou jovens envolvidos em triângulos amorosos.

Outra grande diferença está no número de episódios, em média doze ou treze, e no máximo vinte e seis, em sua grande maioria, se assemelhando às minisséries. Os doramas são exibidos em temporadas de três meses, a maioria durante as noites, no decorrer da semana, entre 21h00 e 23h00. As temporadas são durante o inverno (janeiro - março); primavera (abril - junho); verão (julho - setembro) e outono (outubro - dezembro).

Outra característica é que cada episódio é gravado com apenas algumas semanas de antecedência da data em que irá ao ar. Assim, muitos fanáticos têm a oportunidade de visitar seus ídolos gravando as cenas enquando a novelinha ainda está passando.

As diferenças entre os dois países, Brasil e Japão, ficam principalmente nos elencos mais enxutos por parte deste último, enquanto que no Brasil temos produções com uma média de 40 personagens, chegando a ter casos de 100 personagens.

Assim como as telenovelas do horário nobre Brasil, nos doramas noturnos, os membros do elenco são cuidadosamente escolhidos, e tendem a ser atores famosos que o público simpatiza. A escolha do elenco frequentemente afeta a avaliação dos telespectadores e, escolher o par de artistas que irão atuar como casal é essencial no dorama renzoku ren'ai (romântico ou amoroso).

O elenco dos doramas da manhã e da tarde geralmente não são tão populares como os dos noturnos, o que reflete na audiência, mas com o tempo, os bons atores ganham popularidade. Há um esforço extra nos doramas de inverno, uma vez que os espectadores tendem a sair menos nos meses de frio.

Os galãs que estrelam os títulos voltados para adolescentes são conhecidos como tarentos, artistas moldados não somente para atuar, mas também cantar, desfilar e apresentar programas e telejornais. Esses profissionais multiuso são uma herança do século 18, quando os artistas de talentos variados eram reverenciados como as estrelas do teatro kabuki e as gueixas. O gosto pelos personagens populares da época foi registrado em pinturas, que tinham os artistas como principais retratados.

Geralmente, essas estrelas seguem o estilo bishonen - expressão usada para descrever meninos com aparência delicada. Tanto homens afeminados, quanto garotas masculinas não são raros na dramaturgia nipônica, resultado da valorização que o oriental dá ao visual andrógino.

Outros números que chamam a atenção são a diferença de capítulos. Enquanto as produções brasileiras podem ter uma média de 170 episódios, as japonesas têm em torno de 11 episódios.

Outra diferença que chama a atenção é que as produções brasileiras tendem a ser filmadas em estúdios ou cidades cenográficas, raras são as telenovelas que se utilizam demasiadamente de cenas externas. Por outro lado, as produções japonesas não utilizam cidades cenográficas, mas sim cenas externas.

No Japão, é comum filmes e telenovelas serem rodados sem trazer grandes incômodos à sua população. Inclusive, em alguns casos, filma-se sem a utilização de figurantes, mas sim, com os próprios cidadãos das ruas, ao contrário do Brasil, onde são raros os casos e, de praxe, se utiliza figuração para determinadas cenas.

Normalmente, as tramas brasileiras são originais, sendo, às vezes, baseadas em livros populares da literatura nacional, como os de Jorge Amado. Já no Japão, as tramas, normalmente são baseadas em livros e quadrinhos, além de uma parcela também original.

Pode parecer inusitado, porém, as produções japonesas baseadas em quadrinhos são uma realidade. Tendo um mercado bem definido, a maioria das produções acaba se focando no gênero shoujo e josei, direcionados ao público adolescente e adulto feminino. Também existem telenovelas baseadas em quadrinhos shounen, para o público masculino adolescente.
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