terça-feira, 25 de janeiro de 2011

As vinte telenovelas mexicanas que marcaram época - Parte 1

Em 09 de junho de 1958, às 18h30, chegava ao ar, pelo canal 4, desde o Televicentro, Senda prohibida, a primeira telenovela mexicana. Quem iria imaginar que um mero projeto experimental, inspirado por um bem-sucedido radioteatro, se tornaria o programa televisivo latino que mais iria conquistar fanáticos em todo o mundo? São quase seis décadas de telenovela mexicana, período suficiente para que grandes clássicos do gênero dessem mostra de seu sucesso. Acompanhe agora mais um artigo sobre os dramalhões que deixaram saudades entre os telenoveleiros mexicanos e brasileiros, entre tantos outros.

Em 1971, realizava-se Muchacha italiana viene a casarse, a primeira telenovela mexicana que alcançaria fama em todo o continente. Tanta foi a popularidade da saga da emigrante napolitana - que com chantagens conseguia emprego na casa de uns misteriosos milionários - que, pela primeira vez, se deu o fenômeno de alargar uma trama. A história combinava os elementos necessários para ser um êxito: um romance amor-ódio; uma respeitável família que escondia segredos sinistros; uma mansão sombria cheia de passagens secretas, e um herói com tantos defeitos como inimigos. Angélica María, como Valeria Donati, e Ricardo Blume, como Giovanni Francesco, se tornaram um dos casais mais lembrados dos melodramas.

Se as telenovelas já haviam conquistado o continente americano, foi com Os ricos também choram, de 1979, que conquistaram o mundo inteiro. Milhões de telespectadores choraram junto da órfã Mariana, interpretada por Verónica Castro. Adotada por um milionário, Mariana terminava se casando com o filho mais velho deste. A popularidade da telenovela obrigou um aumento de capítulos que levaram a heroína a perder a memória e abandonar seu filho em um parque, para voltar a encontrá-lo quinze anos mais tarde.

Também no final da década de 70, Arturo Moya Grau inventava para a televisão chilena uma heroína "sui generis", cabareteira, alcoólica e quase uma prostituta. Em 1980, a Televisa criou sua própria versão de La Colorina, intitulada apenas Colorina, e, assim como no Chile, o conto da dançarina que engravidava de um milionário e aceitava vender seu filho, causou escândalo e sensação. Lucía Méndez, famosa nestes anos por seus papéis de ingênua, em Mundos opuestos e Viviana, aceitou dar vida à Fernanda. A subtrama, na qual Colorina regressava anos mais tarde com três filhos, dentre os quais o herói deveria descobrir o seu, ajudou a aumentar a popularidade da telenovela. Em 2001, Colorina passou a ser loira e tornou-se Salomé, dando a Edith González um grande reconhecimento.

Félix B.Caignet triunfou nos anos 20 com seu radioteatro O direito de nascer, um dramalhão cheio de intrigas, sexo e racismo. Foi levada à telona e, em Cuba, à uma telenovela. A Televisa não ficou para trás e por três vezes narrou a história de Albertico Limonta  e suas mães: a branca e aristocrática Maria Elena del Junco e María Dolores, uma humilde negra. Brilhou por sua qualidade a que em 1981 foi produzida por Ernesto Alonso, com uma ambientação fiel à Veracruz dos anos 50. Vero Castro, no papel de uma moça de família, enfrentava o drama de ser mãe solteira.

Telespectadores de todo o mundo aprenderam as histórias do México graças as produções históricas de Ernesto Alonso. Desde Carlota y Maximiliano, em 1965, até La antorcha encendida, de 1996. Este subgênero dramatizou os eventos mais importantes da história mexicana, alternando personagens reais com fictícios para descrever os sucessos que marcaram a nação azteca durante a Era Colonial, a Insurgencia, o Segundo Império, a Reforma, o Porfiriato e a Revolução Mexicana. Foi em 1986 que se realizou a mais ambiciosa e premiada destas produções, Senda de gloria,  que abordava a vida do México no século 20, desde 1919 até 1939.

Muitas vilãs já foram vistas nas telenovelas, mas nenhuma tão má como Catarina Creel, de Ambição. María Rubio tornou-se famosa no mundo inteiro como essa respeitável matriarca que detrás de seu tapa-olho de seda ocultava um olho são e um cérebro de arqui-criminosa. Aproveitadora, sequestradora de criancinhas e serial killer, a senhora Creel tinha como única desculpa o amor que sentia por seu jovem lobo, interpretado por Alejandro Camacho. Quase tão magistrais como María Rubio, estiveram Diana Bracho e Rebecca Jones, que deram vida às trágicas noras de Catarina. As cenas de amor entre Rebecca Jones e Alejandro Camacho resultavam suspeitosamente reais e, de fato, iniciaram um romance durante a filmagem da telenovela, que culminou em um casamento que tem durado até os nossos dias.

O gênero juvenil nasceu no final dos 80, pelas mãos de Carla Estrada. A primeira telenovela juvenil se chamou Quinze anos e suas protagonistas foram um par de rostinhos não muito conhecidos até então, uma tal de Adelita Noriega e uma integrante do grupo musical Timbiriche, chamada Thalía. Foi uma história que realmente marcou época, combinando o rosa associado com os vestidos que as heroínas usariam para seu baile de debutantes, com  algumas temáticas nuas e cruas para a época, tais como o vício em drogas, o estupro, a gravidez na adolescência e a delinquência juvenil. Sebastián Ligarde roubou a cena como o vilão Memê, que tornou-se inesquecível graças a seu penteado punk e suas famosas expressões.

As telenovelas infantis também tiveram muito êxito e um clássico foi Carrossel, em 1989. Baseado em Jacinta Pichimahuida, de Abel Santacruz, Carrossel narrava a vida de uma professora do ensino infantil e sua desordenada classe. Gabriela Rivero foi a doce professora Helena, cuja vida parecia não existir fora do âmbito escolar. Entre as crianças, se destacava a presumida Maria Joaquina, interpretada magistralmente pela recém-chegada à televisão Ludwika Paleta.

Quando Simplesmente Maria foi feita no Peru, nos anos 60, se tornou o primeiro fenômeno novelístico a cruzar o continente. A escritora Celia Alcántara fez história com a saga da pobre analfabeta que chegava à cidade grande e era enganada por um jovem de bem. O fato de esta Cinderela ter conseguido seguir adiante graças a seu trabalho, a diferenciou de suas contemporâneas e a tornou um exemplo positivo para a mulher. Uma história  tão potente teve que voltar a ser feita. A última vez foi em 1989, com Victoria Ruffo no papel protagônico, que se tornou uma das telenovelas mexicanas mais vendidas no mundo.
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