A TV Brasil exibe neste domingo, 11 de julho, às 23h00, o filme argentino La ciénaga (O pântano). Produzido em 2001 por Lita Stantic, com a direção e roteiro de Lucrecia Martel, o longa-metragem oferece um relato irreal sobre a decadência da classe média argentina e a dissolução do modelo familiar tradicional.
Durante 90 minutos, La ciénaga revela um retrato vergonhoso da classe média provinciana argentina, observada desde dois ângulos: a classe média alta, representada por Mecha; e a classe média baixa, encarnada pela resignada Tali. A ironia e o lado cruel de Lucrecia Martel fizeram deste um filme tão interessante quanto polêmico.
La ciénaga mostra, com uma surpreendente honestidade, os vícios que, com o tempo, foram alimentados pela sociedade argentina, desde o racismo até a diferença de classes, junto ao clássico afrontamento entre portenhos (os nascidos em Buenos Aires) e provincianos (habitantes de outras regiões que não a capital), alimentados por rancores, inveja e desconfianças mútuas, à espera de uma boa desculpa para se manifestarem.
A história transcorre no noroeste argentino durante o mês de fevereiro, época em que vários fatores climáticos se juntam: sol intenso, chuvas fortes e repentinas. Nas elevações montanhosas, entre as árvores, algumas extensões de terra se alagam, formando temporariamente profundos pântanos (ciénagas, em espanhol), armadilhas mortais para os animais da região de La ciénaga.
A noventa quilômetros de La ciénaga está o povoado de Rey muerto e, nas proximidades, o sítio La mandrágora, onde se cultivam pimentões vermelhos. Em La mandrágora fica a casa onde Mecha (Graciela Borges), uma mulher cinquentona com quatro filhos e o marido Gregorio (Martín Adjemián), passam as férias de verão.
Mecha trata de superar o falido casamento que tem enfrentando com Gregorio, usando-se do alcoolismo e de um tremendo desmazelo pessoal. Ambos se embriagam, mas ela, depressiva, corre o risco de terminar seus dias derrubada, fechada em seu quarto.
Sua prima, Tali (Mercedes Morán), que também vive em La ciénaga, enfrenta a vida de outra maneira: também tem quatro filhos, mas seu marido é amante do lar, da família e da caça.
Dois acidentes reunirão estas duas famílias no sítio, onde tratarão de sobreviver em um verão descomunal.
O devir da chuva é anunciado pelo som de trovão, as nuvens em seguida reiteram a tempestade. As crianças fazem a sesta dentro de casa, num ambiente quase escuro, enrolados em panos, deitados juntos, num imenso ócio, enquanto Mecha e seus convidados, embriagados de vinho, estão estirados em cadeiras de praias ao redor da piscina suja.
Ao som de trovões e do enegrecer do céu, eles se arrastam. Mecha quer que todos vão embora, recolhe as taças, cai bêbada e se corta, deixando cicatrizes que a acompanharão por todo o filme.
La ciénaga não é somente um nome expressivo para designar o entorno geográfico e climático que envolve a fazenda onde as duas famílias passam o verão, vai muito mais além disso, é uma excelente metáfora que compara esse ambiente corrompido e asfixiante, com a passividade, a falta de ação e de vontade, além do conformismo de seus protagonistas.
No início do filme surge uma vaca, submersa até a cabeça, em um lamaceiro provocado pela chuva; ela tenta sair de todos os modos, mas sua morte é praticamente inevitável. Logo após, aparecem os personagens do filme estirados ao sol em suas cadeiras, embriagados de tanto vinho; seus corpos inertes, abandonados à insensibilidade em pleno verão estão juntos de uma piscina completamente suja há dias. Esta comparação é um bom exemplo desse paralelismo que o filme propõe, com a diferença de que enquanto o animal luta para sobreviver, os humanos já não o fazem.
Por vários momentos, o vinho e o sangue se conjugam para acrescentar a atmosfera religiosa, presente graças à contínua aparição de uma Virgem, acompanhada pelas celebrações festivas e pelas crenças em lendas urbanas, o que estabelece as diferenças sociais e culturais presentes no filme.
Este longa-metragem da então iniciante Lucrecia Martel, é sobretudo uma excelente amostra da sociedade argentina - com seus preconceitos, crenças e diferentes submundos - e de um interessante recorte familiar afundado em sua própria e agonizante rotina. Um filme de esperanças e sonhos frustrados que se ofuscam diante da luz, um filme que trata definitivamente o tédio existencial.
No entanto, a nível individual e narrativo é onde sua precisão descritiva e de análise é um pouco pobre. Construído a base de fragmentos da vida cotidiana entrelaçados, o filme deixa de lado o contorno das histórias e nos oferece personagens enigmáticos em seus perfis e nas relações que os unem.
Essa fuga do habitual é, portanto, um dos principais defeitos da história. Em primeiro lugar porque não existe uma história a ser contada, mas sim uma série de sub-tramas diluídas que afluem ao mesmo lugar. Em segundo, porque esta preguiça exposta não acaba de esclarecer completamente todas as situações; gera uma certa ambiguidade, e faz com que o espectador fique com a sensação de que foi lhe mostrado muito pouco, e não acaba de compreender o que estão tentando dizer.
A trilha sonora é pontuada de barulhos incômodos como cadeiras se arrastando, crianças berrando, o telefone que ninguém nunca atende, a televisão eternamente ligada e o gelo tilintando nos copos. Os personagens se tocam o tempo todo e mesmo assim há uma clara repressão incestuosa no ar. Poderíamos dizer que tudo isso é também uma alusão à burguesia argentina.
De fato, La ciénaga não conta uma história tradicional, mostra um mundo de sensações que constroi uma grande metáfora com pequenas metáforas, é um mundo sufocante e que realmente tem a capacidade e a intenção de prender.
O longa recebeu o prêmio Alfred Bauer, no Festival de Berlim, além de quatro prêmios no Festival de Havana entre eles o de Melhor Atriz, Melhor Diretor, Melhor Som, Prêmio Gran Coral.
- INÍCIO
- TELENOVELAS
- A Alma Não Tem Cor
- A Estranha Dama
- A Feia Mais Bela
- A Fera
- A Força de Uma Mulher
- A Madrasta
- A Mentira
- A Mulher Proibida
- A Outra
- A Revanche
- A Usurpadora
- A Vida é um Jogo
- A Vingança
- A Árvore Azul
- Abigail
- Abraça-me Muito Forte
- Acorrentada
- Alcançar Uma Estrela
- Alcançar Uma Estrela 2
- Alegrifes e Rabujos
- Além do Horizonte
- Alma Indomável
- Amanhã é Para Sempre
- Ambição
- Amigas e Rivais
- Amigos Para Sempre
- Amor Cigano
- Amor em Silêncio
- Amor Real
- Amy, a Menina da Mochila Azul
- Angelito
- As Tontas Não Vão ao Céu
- Betty, a Feia
- Café, Com Aroma de Mulher
- Camaleões
- Camila
- Caminhos do Amor
- Canavial de Paixões
- Carinha de Anjo
- Carrossel
- Carrossel das Américas
- Chiquititas 2007
- Chiquititas 2008
- Chispita
- Coração Selvagem
- Cristina Bazán
- Cuidado com o Anjo
- Cúmplices de um Resgate
- Desencontros
- Desprezo
- Destilando Amor
- Dona Bárbara
- Esmeralda
- Estranho Poder
- Eu Compro Essa Mulher
- Eu Não Acredito Nos Homens
- Feridas de Amor
- Garotas Bonitas
- Gata Selvagem
- Gotinha de Amor
- Guadalupe
- Império de Cristal
- Isa TKM
- Isa TK+
- Joana, a Virgem
- Kassandra
- Lalola
- Laços de Amor
- Luz Clarita
- Manancial
- Manuela
- Maria Belém
- Maria Celeste
- Maria do Bairro
- Maria Isabel
- Maria José
- Maria Mercedes
- Mariana da Noite
- Marielena
- Marimar
- Menina, Amada Minha
- Meninas Malvadas
- Meu Pecado
- Mundo de Feras
- Na Própria Carne
- No Limite da Paixão
- O Diário de Daniela
- O Direito de Nascer
- O Privilégio de Amar
- O Regresso da Estranha Dama
- Os Ricos Também Choram
- Paixão
- Paixão e Poder
- Paixões Ardentes
- Pedro, o Escamoso
- Por Amar-te Tanto
- Por Ela Sou Eva
- Por Teu Amor
- Poucas, Poucas Pulgas
- Preciosa
- Primeiro Amor - A Mil Por Hora
- Prisioneira do Amor
- Meus Quinze Anos
- Rebelde - Parte 1
- Rebelde - Parte 2
- Rebelde - Parte 3
- Rebelde - Parte 4
- Rebelde - Parte 5
- Rosa Selvagem
- Rosalinda
- Rubi
- Salomé
- Serafim
- Sexo Forte, Sexo Frágil
- Sigo te Amando
- Simplesmente Maria
- Soledade
- Sombras do Passado
- Sonha Comigo
- Sonhos e Caramelos
- Sortilégio
- Só Você
- Topázio
- Traição
- Um Amor de Babá
- Valéria e Maximiliano
- Viva às Crianças - Carrossel 2
- Viviana - Em Busca do Amor
- Vovô e Eu
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- A Escrava Branca
- A Feia Mais Bela
- A Gata
- A Madrasta
- A Mal Amada
- A Mentira
- A Mulher de Judas
- A Patroa
- A Que Não Podia Amar (SBT)
- A Que Não Podia Amar (ZAP)
- A Rainha do Flow
- A Rainha do Tráfico
- A Sombra do Passado
- A Tempestade
- A Traiçoeira
- A Usurpadora
- Abismo de Paixão (SBT)
- Açúcar
- Amanhã é Para Sempre (CNT)
- Amanhã é Para Sempre (SBT)
- Amo Despertar Contigo
- Amo-te Com Todo o Meu Coração
- Amor de Bairro
- Amor e Pecado
- Amor Eterno
- Amor Proibido
- Amores Verdadeiros (ZAP)
- Apaixonando-me Por Ramón
- As Amazonas
- Asas do Amor
- Atrapada
- Bonita e Azarada
- Café, Com Aroma de Mulher
- Cair em Tentação
- Chegou o Amor
- Chica Vampiro
- Club 57
- Coração Apaixonado
- Coração Esmeralda
- Coração Indomável (SBT)
- Coração Indomável (ZAP)
- Coração Que Mente
- Cuidado Com o Anjo
- Cumbia Ninja
- Destilando Amor
- Ezel
- Fatmagül - A Força do Amor
- Força do Destino
- Guerra das Rosas
- Infâmia
- Isa TKM
- Isa TK+
- Karkú
- Lágrimas de Amor
- Mar de Amor
- Maria do Bairro
- Maria Madalena
- Meryem
- Meu Coração é Teu (SBT)
- Meu Pecado
- Mil e Uma Noites
- Minha Vida
- Miss XV
- Muchacha Italiana
- Mulheres de Negro
- Não Acredito Nos Homens
- Natália do Mar
- No Limite da Paixão
- Noobees
- O Imperdoável
- O Meu Coração é Teu (ZAP)
- O Privilégio de Amar
- O Que a Vida me Roubou (SBT)
- O Que a Vida me Roubou (ZAP)
- O Talismã
- Os Rey
- Ouro Verde
- Paixão e Poder (2015)
- Paixão Sem Limites
- Por Ela... Sou Eva
- Por Teu Amor
- Proibido Amar
- Quando me Apaixono
- Que Pobres Tão Ricos
- Que te Perdoe Deus... Eu Não
- Querida Inimiga
- Quero Amar-te
- Rebelde
- Rosário
- Rubi
- Senhor dos Céus
- Sexo Forte, Sexo Frágil
- Sila - Prisioneira do Amor
- Sortilégio
- Teresa (SBT)
- Teresa (ZAP)
- Terras Selvagens
- Três Vezes Ana (ZAP)
- Triunfo do Amor (ZAP)
- Um Caminho Para o Destino
- Um Refúgio Para o Amor (ZAP)
- Yago - Um Amor Traído
- Zorro: A Espada e a Rosa
- ÁLBUM DE FOTOS
- DO ORIGINAL AO REMAKE
domingo, 11 de julho de 2010
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