domingo, 18 de julho de 2010

TV Brasil apresenta Ratas, ratones y rateros

A TV Brasil exibe neste domingo, 18 de julho, às 23h00, Ratas, ratones y rateros, filme equatoriano escrito e dirigido por Sebastián Cordero, que relata uma história urbana, dinâmica e sumamente audaz sobre um grupo de jovens que tratam de sobreviver em uma sociedade em decadência, mostrando o mundo de criminosos e fazendo uma reflexão sobre a perda da inocência.

Lançado no Festival de Veneza em 1999, o filme, de 107 minutos, gira em torno da vida de Salvador (Marco Bustos), um jovem estudante de classe média que dá seus primeiros passos em direção à delinquência, furtando veículos com seu amigo Marlon (Fabricio Lalama) e seu amor platônico, Mayra (Cristina Dávila).

A vida errante de Salvador em Quito é uma fuga constante das responsabilidades de sua casa: sua avó idosa é inválida e necessita cuidados especiais, o que gera tensão entre ele e seu pai. Por esses dias, o rapaz encontra-se perturbado à espera do primo Ángel (Carlos Valencia), um ex-presidiário à procura de dinheiro rápido e de um esconderijo. Ángel é um ladrão viciado em drogas e devido a um crime que cometeu em Guayaquil está foragido da polícia.

Salvador acolhe seu primo, que trata de lhe oferecer um mundo “melhor” que o atual. Com o intuito de sair do entorno familiar, Salvador aceita a proposta, mas a única coisa que Ángel consegue fazer é arruinar a vida de seu primo, fazendo-o perder a inocência. Salvador, envolvido nos assuntos obscuros de seu primo, arrasta toda a família e termina destruindo as poucas coisas que tinha sentido em sua vida.

Ambos procuram proteção se dirigindo à Carolina (Irina López), prima de Salvador, que lhes empresta a casa sabendo dos problemas trazidos por Ángel. Este conhece JC, com quem começa a se relacionar e negociar armas e drogas, negócios ilícitos com os quais certas pessoas tratam de chegar ao poder.

Os primos decidem roubar a casa de Carolina e um carro, assim, viajam para Guayaquil para vender o veículo e utilizar o dinheiro para saldar as dívidas. Ángel, no entanto se lembra de haver matado um homem e desse modo ainda estão a persegui-lo.

Ao retornar para Quito se dão conta que o pai de Salvador foi brutalmente espancado. Salvador já não confia em Ángel, que em sua última tentativa planeja, junto de JC, uma estratégia que beneficiará a todos. Salvador lhe dá as costas e vai em busca de melhorar as coisas com o pouco que lhe resta, Mayra.

Ángel e Marlon decidem executar o plano, mas o que estava projetado por JC é frustrado e este perde seu pai. Marlon fica ferido e a única coisa que resta a Ángel é abandoná-los e continuar sua fuga, sem se importar com os danos que causou, pensando somente em seu futuro e sua proteção.

O final do filme mistura a história dos dois primos: enquanto Salvador paralisado olha para o vazio, seu pai morto, um cadáver sob sua cama, e sua avó, agora, sob seus cuidados, Ángel, foge, no carro roubado, com jóias e armas, fumando sua droga.

Ratas, ratones y rateros é o primeiro filme equatoriano que pretendeu mapear audiovisualmente o Equador e para fazê-lo, Sebastián Cordero adotou o popular-juvenil como ponto de fuga para sua narração: laços de traição, de droga, de salve-se quem puder, de perda total de valores em um ambiente onde as leis do mercado sempre triunfam sobre as da ética. Esse é o mundo de Ratas, ratones y rateros.

Sem dúvida este filme impulsionou os equatorianos a ver seu cinema nacional. O diretor conseguiu mostrar transparentemente duas das mais fortes faces que tem o país. Tendo em conta o forte regionalismo, selecionou dois personagens bem opostos, de costumes e cidades bem diferentes, mas que compartilham uma mesma realidade.

Ángel, tem muitas características que poderiam ser similares a de um presidente ou deputado. Tem o típico perfil do político que promete mudanças e riquezas às pessoas de seu entorno; uma pessoa de quem todos falam; tem amigos e inimigos; uma parte das pessoas o apoia e outra parte não.

Ao personagem de Salvador pode ser atribuída metaforicamente a qualidade de “povo”, aquele que busca, à sua maneira, um jeito de sobreviver em um mundo onde todos querem dominar, tanto no colégio como em casa; um povo que vive doente, mas que, apesar de tudo, tem um sonho: o amor.

Mayra é uma pessoa que forma parte do povo e que se atreve a confiar no político até o ponto de se iludir com suas promessas e deixar-se pisotear.

Por sua parte, o pai de Salvador é consciente dos problemas trazidos por Ángel, mas, não tendo capacidade ou poder para se defender, tem que continuar sua vida e evitar qualquer contato com ele.

A avó cumpre o papel de povo sem nenhum tipo de possibilidade para se sobressair por si mesma: se dá conta de que o povo depende de outros: dos próprios políticos ou de outras pessoas como ela, talvez um vizinho.

Marlon é a parte do povo que está disposto a se vender afim de ter algo para viver. Diz estar contra Ángel, mas termina sendo a pessoa que está com ele até o último momento.

JC é o povo com mais poder, uma pessoa que pode negociar com o político buscando seu benefício, inclusive, brincar com sua família, contanto que as coisas saiam a seu favor.

A situação que apresenta o filme é o exemplo de que um desastre completo que afeta várias pessoas pode sim ser causado por uma pessoa somente. Além disso, Ratas, ratones y rateros reflete, com analogias, a realidade equatoriana: políticos que chegam ao poder promentedo mudanças, mas a única coisa que conseguem é deixar o país em uma completa crise; eles continuam com suas vidas como se nada tivesse acontecido e o povo fica desamparado.

O longa foi o filme de maior bilheteria da história cinematográfica do Equador. Ganhou doze prêmios nos mais prestigiados festivais de cinema do mundo, entre eles Trieste, Itália; Huelva, Espanha; Havana, Cuba; e Bruxelas, Bélgica.
Blog Widget by LinkWithin

Nenhum comentário: