domingo, 25 de abril de 2010

As telenovelas de época

Presidentes da República, soldados em plena Guerra do Pacífico, piratas, imigrantes, bandoleiros, escravos e até mesmo herois mascarados são algumas das personagens que desfilaram na extensa lista de produções de época que marcaram as superproduções do continente americano nos últimos quarenta anos.

A seguir, veremos algumas dessas produções realizadas que permanecem inesquecíveis na memória coletiva de seus respectivos países ou mesmo onde alcançaram êxito internacional.

No embalo do estilo, os mexicanos, mais uma vez, foram os que mais vezes se atreveram a explorar personagens históricos: El vuelo del águila (1994), mostrou a vida do presidente Porfirio Díaz; a vida do padre Miguel Hidalgo foi interpretada em Los caudillos (1968); o presidente Benito Juárez teve sua história relatada em La tormenta (1967) e, posteriormente, em El carruaje (1972); a história do revolucionário Emiliano Zapata foi levada à telinha em Senda de gloria (1987).

Os mexicanos também lançaram títulos como Coração selvagem (1993), com Eduardo Palomo, como João do Diabo, o pirata apaixonado por uma jovem da alta sociedade. E este mesmo roteiro já teve outra tantas versões (1966, 1977 e mais recentemente em 2009). O mesmo Eduardo também encarnou o índio Yahí em Ramona (2000), uma novela ambientada na Califórnia no começo do século 20.

Bodas de odio foi um fenômeno dos anos oitenta com Humberto Zurita e também seu remake em 2003: Amor real. Ambas centradas na época após a independência do México e com claras referências ao contexto político e social destes anos. Zorro: A espada e a rosa, também alcançou êxito graças a um elenco estelar, encabeçado por Christian Meier e Marlene Favela, na mais recente versão da história do heroi mascarado.

No Brasil, a predileção, certa vez, foi pelas apaixonantes vidas de algumas mulheres que marcaram a história do país, como Francisca da Silva, que se transformou no êxito Xica da Silva (1997), com Taís Araújo como a sensual e vingativa escrava negra.

Mas a combinação de erotismo e tramas apaixonantes já surgira desde muito antes com a adaptação da vida de Ana Jacinta de São José, conhecida como Dona Beija (1986), com Maite Proença interpretando a sensual cortesã que conseguia uma imensa fortuna, enquanto lutava para recuperar seu primeiro amor no século 18.

O Brasil, porém, é também pioneiro em super-produções se tratando de telenovelas de época e o escritor Benedito Ruy Barbosa é quem mais entende do assunto: Os imigrantes (1981), Vida nova (1989), e as exitosas Terra nostra (1999) e Esperança (2002) são algumas da criações brasileiras que buscaram narrar a vida de estrangeiros que chegaram ao Brasil desde finais de 1800.

Alem dessas, em terras cariocas também foram produzidas novelas como Estúpido cupido (1976) que mostrava a vida de um pequeno povoado da década de 60 ao ritmo do rock and roll.

No Chile, alguns argumentos brasileiros que tiveram êxito foram A sucessora (1979), Irmãos coragem (1995) e o fenômeno internacional A escrava Isaura, que surpreendeu com seu êxito na versão de 2004 e também na original de 1980.

Atualmente no Chile, e pela segunda vez, duas telenovelas desse gênero competem no mesmo horário. Em 2004, Los Pincheira, da TVN, enfrentou Hippie, do Canal 13. Esse ano, Martín Rivas e Manuel Rodríguez estrearam nos canais TVN e CHV, respectivamente.

A atual Martín Rivas já soma 3 versões com esta protagonizada por Diego Muñoz: a de 1970, com Leonardo Perucci e a de 1979 com Alejandro Cohen. Todas relatando a história do idealista provinciano que chega à Santiago para realizar seus sonhos.

Porém, antes de Martín Rivas ou Manuel Rodríguez, a TV chilena já havia exibido telenovelas de época, como La sal del desierto (1972), ambientada no final da Guerra do Pacífico e com Héctor Noguera como protagonista. Também nesse ambiente, La patrulla del desierto (1993) buscava refletir as mudanças sociais ocorridas durante o período, através de uma minissérie.

Com o mesmo formato em 15 capítulos, Amelia (1981) mostrou detalhes do período da “Patria Vieja”, a “Reconquista” e a “Patria Nueva”, através de uma história familiar. La Quintrala, com Raquel Arganoña, conseguiu reconhecimento em 1987, contando a vida de uma rica fazendeira do século 17. A la sombra del ángel (1989) foi mais longe e, em seus 97 episódios, contou a história de amor que atravessava o tempo, mostrou com detalhes a vida nas décadas dos 40 e 60. As novelas do horário nobre chileno também trouxeram histórias antigas como El señor de la querencia, ambientada em 1920, e Conde Vrolock, ambientada no final de 1800.

Como vemos, as telenovelas de época sempre fizeram parte da teledramaturgia latina e, mesmo relatando romances clássicos, determinada figura política, algum período marcante do país ou simplesmente uma história fictícia ambientada em outro período, consegue cativar o público e não deixa de ser uma obra que se utiliza das tecnologias atuais.
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