quarta-feira, 21 de abril de 2010

O direito de "chorar"

O melodrama televisivo tomou relevância quando um escritor e um elenco cubanos criaram a primeira estrutura para chorar e sonhar através de uma história narrada em 314 capítulos, transmitidos diariamente, a mesma hora: El derecho de nacer.

Antes, nos inícios dos anos trinta, apareciam os primeiros segmentos dramatizados, de breves espaços de 15 a 30 minutos, chamando a atenção dos ouvintes em vários países e que levou ao progresso da adaptação. Começou-se a escrever roteiros baseados nas histórias de Julio Verne, Alejandro Dumas, Emilie Zola, entre outros clássicas.

O atrativo era escutar vozes dramatizando a história, com escassos efeitos de som, que pela primeira vez permitiam conhecer a boa literatura até a quem não sabia ler.

Nos Estados Unidos fez-se história antes de 1940, quando se adaptou à rádio A guerra dos mundos, e milhares de rádioescutas que seguiam as narrações afirmaram que a Terra estava sendo tomada por marcianos. Este acontecimento foi definitivo para apostar na credibilidade que se podia obter na rádio.

Mas foi em Havana que se formou a estrutura dramática da radionovela, que se mantém intacta até hoje nas telenovelas mais vendidas do mundo em pleno século 21, movendo as emoções através do amor, traição, triângulos amorosos, vilãos e apaixonados.

Há mais de setenta e três anos (desde 3 de janeiro de 1937), Cuba ouviu estrear a primeira radionovela dramática da América Latina: Chan Li Po, do autor Félix B. Caignet, quem, em 1948, criou seu primeiro sucesso internacional: El derecho de nacer.

O avanço diário de cada capítulo cativou o público latino-americano como nunca antes havia ocorrido com um programa de rádio. Alguns cinemas, nesse horário, suspendiam a sessão do filme para garantir que seus espectadores desfrutassem sem a preocupação de perder um episódio, e transmitiam, pelos alto-falantes da sala, o capítulo do dia.

Ainda que em 1954 a emissora venezuelana RCTV foi quem estreou a primeira telenovela, sob o título de seu próprio patrocinador “Camay”, transmitida em capítulos de 15 minutos e ao vivo, a Televisa é reconhecida como a mãe das companhias produtoras de histórias dramáticas, a partir de Senda prohibida, da escritora Fernanda Villeli, que foi ao ar em 9 de junho de 1958.

Desde então, a Televisa já produziu mais de 700 telenovelas e alcançou cerca de 150 países, demonstrando que as histórias humanas são comuns a todos e que a atitude diante da televisão quase é invariável de uma extremidade a outra do planeta: queremos desfrutar do entretenimento que nos faça viajar através de nossas emoções e sonhos.

A Televisa tem colocado em sua tela roteiros de escritores de vários países, marcando especial ênfase em criações de escritores cubanos de todos os tempos, e adquirindo direitos de radionovelas originais cubanas para convertê-las em êxitos televisivos. Poucos sabem que muitas telenovelas da Televisa tiveram sua origem em Cuba.

A força da telenovela é mais intensa hoje, com mais de 60 anos, desde que a rádio conseguiu suas primeiras dramatizações. A qualidade da imagem, as cores, os efeitos especiais e o som fizeram a ficção se aproximar da realidade.

As telenovelas nunca desaparecerão. Não podemos nos desprender da essência que constitui o viver. As paixões são um alimento espiritual capaz de pospor qualquer plano pessoal. Emocionar-se é sempre a oportunidade de voltar a sentir “o direito de chorar”.
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