domingo, 17 de outubro de 2010

A evolução da telenovela mexicana - Parte 1


As telenovelas mexicanas foram passando por várias etapas de acordo com ano em que foram transmitidas. Cada década marcou novos estilos e características de se fazer telenovela. Veja, a seguir, como foi esse processo de evolução.

Nos anos 50, o teatro no México gozava de grande popularidade, surgiu, assim, a ideia de deslocá-lo para a televisão, criando, desse modo, uma nova produção cênica chamada teleteatro, que consistia em colocar câmeras e gravar as peças. Este conceito televisivo conseguiu obter grande demanda entre o público nacional.

Aos poucos os produtores foram esgotando todas as possibilidades de histórias sentimentais e decidiram mudar. Os teleteatros foram desaparecendo, dando espaço para o surgimento da telenovela. Alguns especialistas consideram o programa Ángeles de la calle, patrocinado pela Lotería Nacional, a primeira telenovela gravada no mundo. Outros coincidem em dizer que tenha sido uma espécie de teatro seriado gravado em 1950, chamado Aventuras de Roulletabile. Posteriormente se realizou a telenovela Con los brazos abiertos. Nenhuma das duas obteve êxito já que não houve patrocinadores de renome.

Em 1956, a companhia Colgate Palmolive, patrocinadora de uma infinidade de radionovelas, apoiou a realização de um novo projeto com base na radionovela Senda prohibida, adaptada pela escritora Fernanda Villeli. Desta maneira, em 12 de junho de 1958, nascia a primeira telenovela transmitida ao vivo pelo canal 4, Senda prohibida, onde atuaram Rafael Banquells e Silvia Derbez, que brilhou na pele de Nora, um ambiciosa mulher que se envolvia com o chefe, um homem casado, interpretado por Francisco Jambrina. Os altos índices de audiência foram comprovados pela reação do público: mulheres iam até a emissora e esperavam Silvia Derbez sair para insultá-la por causa das maldades de sua personagem.

O impacto que esta telenovela obteve entre o público feminino do país impulsionou o surgimento de uma nova produção chamada Gutierritos, estreada, pelo canal 4, às 18h30 do dia 11 de setembro de 1958, uma trama de Estela Calderón, novamente protagonizada por Rafael Banquells no papel de mártir. Esta telenovela iniciou suas transmissões ao vivo e em 21 de abril de 1960 começou com transmissões gravadas.

A Colgate-Palmolive patrocinou, também, a primeira telenovela gravada em videoteipe, em 1959: El precio del cielo, também de autoria de Fernanda Villeli. Teo (María Teresa Montoya), católica fanática, trabalhava como governanta com o propósito de juntar dinheiro para garantir a compra de sua entrada no céu.

Nestes tempos não havia um meio efetivo para se medir o impacto de um programa de televisão, exceto com a reação imediata do público. Assim, o êxito dessa telenovela mediu-se através da venda de televisores a níveis nunca antes vistos desde a introdução do aparelho no mercado, nove anos antes.

A princípio, a telenovela contava com um narrador afim de que os telespectadores pudessem entender “a linguagem audiovisual” do que antes se escutava na rádio. No início da transmissão o narrador dizia os créditos em voz alta para que o público não se perdesse na leitura das letras.

Da mesma maneira, em seus inícios, a telenovela não tocava nos famosos temas do tipo Cinderela, centrava-se em personagens antagonistas, como foi o caso da terceira produção mexicana, Teresa (foto), escrita por Mimí Bechelani. Teresa (Maricruz Olivier), personagem principal que dava nome à trama, nada tinha de pura e inocente, como as mocinhas indefesas de tantas outras histórias. De família pobre e honesta, conseguia entrar para a universidade, convivendo com o sentimento de vergonha por ser de origem humilde. Com o propósito de subir na vida, colocava a ambição pelo dinheiro acima e tudo e se relacionava com vários homens por interesse financeiro. No final atípico, era rejeitada pela família e ficava totalmente sozinha e arrependida.

A telenovela ganhou versão brasileira de mesmo título, em 1965, transmitida pela TV Tupi. A atriz Geórgia Gomide, no papel da protagonista Teresa, de tão convincente, acabou apanhando de uma telespectadora na rua.

A telenovela não quis ir mais longe no que se refere a histórias malévolas e, anos depois, deu às protagonistas uma personalidade mais suave e as fez donas do papel principal da história. Além disso, neste mesmo ano inventou-se o ponto eletrônico, produto cem por cento mexicano, que reduziu o tempo que a produção perdia para que os atores aprendessem os diálogos de todos os capítulos da história, mas que, hoje em dia, faz com que estes mesmos atores careçam de naturalidade.
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