O segundo modelo: Gerar produção própria, especialmente telenovelas
Se bem em um primeiro momento Salinas Pliego pareceu se inclinar à compra externa, deixou abertas opções que, mais tarde, resultaram ser seus melhores recursos. Primeiro decidiu manter a produção própria em gêneros fortemente consagrados entre os interesses locais: as notícias e os esportes. Novas caras e alguns detalhes inovadores na produção de noticiários foram suficientes para atrair as audiências entediadas com o imobilismo e a parcialidade da Televisa na área informativa. De repente, a TV Azteca descobriu que o bom jornalismo também significava bom negócio.
As telenovelas
A TV Azteca adentrou na produção de ficção, principalmente de telenovelas, de uma maneira inovadora, ao menos no âmbito mexicano: a produção independente. Para a criação de conteúdos próprios, a emissora se organizou em equipes de trabalho ou unidades de produção. Salinas Pliego explicou a iniciativa da seguinte forma: “Nós temos a equipe, os estúdios e a distribuição do sinal. Colocamos tudo isto na mão do produtor e que ele entre com o talento, o trabalho e o programa”.
As consequências de investir na geração de produção própria superaram as perspectivas mais otimistas dos diretores. Em 1995, somente 24% de suas transmissões em horário nobre era de produção própria, já em 1999, era 85%. Como consequência, a imagem e o prestígio da empresa se fortaleceram, e não somente se alimentava o mercado nacional com as produções, mas também o mercado internacional.
Em 1993, a TV Azteca contava com um modesto 6% da audiência, mas em 1996 já era 28% e, em 1997, o melhor ano da companhia em termos financeiros, alcançou 35%. Desde então a TV Azteca tem se mantido ao redor dos 30%. O aumento na produção de programas também foi espetacular, de 3 mil horas produzidas em 1996, passou a 8.859 em 2004.
Ricardo Salinas Pliego, convencido pelas vantagens atribuídas à produção de conteúdos, declarou que a programação produzida internamente, como foi Olhar de mulher, tem sido a chave para o êxito contínuo. Adrián Steckel, então vice-presidente de finanças da emissora, declarou certa vez que produzir telenovelas não é barato, mas é um investimento para se ganhar mais audiência e uma porção maior dos gastos publicitários em televisão.
Diante do êxito das telenovelas feitas por produtores independentes, Salinas Pliego declarou que o objetivo principal da TV Azteca era fabricar telenovelas em grande volume para distribuir no México e no mundo: “A Televisa demorou 45 anos para montar sua fábrica de telenovelas, nós, em quatro anos, já a temos pronta, esse é o ponto central da TV Azteca”.
O dinamismo econômico da empresa se deveu em grande parte ao aumento da produção própria; à compra e exibição de telenovelas produzidas por produtoras independentes, principalmente Argos, e ao investimento - via compra de equipes - no futebol mexicano profissional. A arrecadação de receita publicitária gerada pela promoção massiva da Elektra, Biper, Hecali e Unefon, empresas irmãs da TV Azteca, e a cotação de parte do capital na bolsa de valores do México e de Nova Iorque também ajudou na grande economia da empresa de Salinas Pliego.
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