O terceiro modelo: A tentação centralizadora
O modelo de produção de telenovelas que tanto orgulhou aos diretores da TV Azteca rapidamente deu amostras de esgotamento. Diante do êxito internacional de algumas de suas produções, a Argos reclamou à TV Azteca, entre outras coisas, os direitos para vender suas telenovelas em outros países. Por sua parte, Salinas Pliego não esteve de acordo com o pedido e sugeriu, então, pôr um fim em seus projetos de colaboração.
Martín Luna, alto executivo da TV Azteca, declarou, em outubro de 2000, que de fato houve diferenças porque a produtora queria ser independente em tudo, desde a escolha de conteúdo de seus programas até o elenco de suas produções e, obviamente, queriam o direito sobre elas. Epigmenio Ibarra, diretor geral da Argos Comunicaciones, deu sua versão sobre o rompimento e o considerou como uma operação dolorosa, mas necessária quando se quer deixar de funcionar como uma maquiladora para ser uma produtora independente, porém expressou esperança ao dizer que este rompimento poderia ter sido somente uma mera separação ou divórcio e não uma viuvez.
Deixando de lado o anedótico, o verdadeiro conflito que se originou foi o enfrentamento de dois modelos de produção de telenovelas. Por um lado o modelo tradicional, onde todo o processo industrial, além de seu financiamento, exibição, comercialização e promoção é realizado somente por uma empresa. É o modelo vertical e centralizado que foi utilizado desde os anos 50 pelo Telesistema Mexicano e, desde 1973, pela Televisa. Por outro lado, o modelo dos Estados Unidos, onde as grandes redes de televisão compram os conteúdos de uma rede de produtores independentes que incluem também os grandes estúdios cinematográficos e um olhar de empresa.
Quando Elisa Salinas iniciou suas tarefas de vice-presidenta de produção da TV Azteca, em 1996, disse que não havia recursos, não havia elenco, não havia escritores. Mas, no momento em que a empresa adotou o know how para elaborar telenovelas, o interesse por colaborar com as produtoras independentes foi decaindo.
Este foi o terceiro modelo de produção de telenovelas, que se iniciou em finais de 2000. Se bem que é certo que o principal mercado para a produção de conteúdos continue sendo o nacional, é visível a tendência de depender cada vez mais dos mercados internacionais.
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