quarta-feira, 13 de outubro de 2010

O surgimento da TV no México e o monopólio da Televisa - Parte 2

Fundado em 1959, o Canal 11, educativo, do Ministério da Educação, possuía cobertura geográfica restrita ao Vale do México. Ficou durante muito tempo destinado a uma programação de baixa qualidade, porém conseguiu aprimorar em qualidade e incrementar sua programação, aproveitando os canais pagos para estender sua cobertura.

O canal cultural 22, de 1982, da Televisión Metropolitana de la Ciudad de México, apesar da proposta interessante e do alto nível da programação, funcionava na frequência UHF, o que dificultava o acesso além do Vale do México. No final dos anos 90 recebeu reconhecimento internacional da Unesco como um dos melhores canais de televisão cultural.

Uma possível ameaça ao monopólio surge 10 anos depois do lançamento oficial da televisão no México, em 19 de janeiro de 1960, durante o mandato de Adolfo López Mateos (1958-1964), com a promulgação da Lei Federal de Rádio e Televisão, que definiu as ondas eletromagnéticas como propriedade da nação e a radiodifusão como um serviço de interesse público, em vez de um serviço público – daí, portanto, a necessidade da permissão do Estado para haver concessões. Começava o processo formal de controle da televisão mexicana, que se mantém até hoje a fim de garantir constitucionalmente a relação com os donos dos meios de informação.

Em 1969, uma vitoriosa negociação levou à publicação do decreto de redução do imposto a ser pago pela emissora: 12,5%, e não mais os anteriores 25% do espaço gratuito da programação das TV’s e rádios reservado para o governo. Esse tempo nunca foi utilizado totalmente.

No México as concessões de estações de rádio e canais de TV valem por trinta anos e são renováveis, o que depende quase que totalmente do presidente, embora a outorga formal seja dada pelo Ministério das Comunicações. Isso ocorre desde as três primeiras concessões a empresários.

Houve três sérias tentativas de regulamentação dos meios de comunicação: o primeiro em 1979, o segundo no início da década de 90, e o terceiro ao final. A regulamentação do sistema televisivo enfrenta impasses devido à censura, manipulação informativa e impunidade do modelo de televisão mexicano.

Com o intuito de pôr fim à quase exclusividade conquistada pela empresa Telesistema Mexicano, de Emílio Azcárraga, o presidente Gustavo Díaz Ordaz (1964-1970) concede o Canal 8 ao poderoso grupo Alfa, de Monterrey. Entra no ar a Televisión Independiente de México (TIM), em 5 de novembro de 1968. Não restam dúvidas de que a competição foi acirrada: eram desde personalidades do país ocupando cargos importantes nas duas empresas até interferências significativas na programação das emissoras, com investimentos em programas jornalísticos, esportivos, como o futebol americano, e de entretenimento na disputa pela audiência.

Foi no governo de Luís Echeverría (1970-1976) que o Canal 8, do Grupo Monterrey, se fortalecia a ponto de constituir em uma ameaça para o sistema televisivo, dominado pela emissora Telesistema Mexicano. Entretanto, a real ameaça veio da compra do Canal 13 pelo governo em janeiro de 1972, canal este originado através do movimento estudantil de 1968, que lutou para o governo do então presidente Díaz Ordaz (1964-1970) abrir seu próprio canal de televisão.

Embora tivesse a finalidade de veicular programações culturais, que servissem de complemento à programação vigente na televisão privada, a nova emissora acabou transformada em uma cópia da televisão comercial, uma vez que visava à propaganda política e à rentabilidade.

A intensa competição entre TSM e TIM e a preocupação com a audiência do Canal 13 levou à fusão das duas primeiras empresas em dezembro do mesmo ano. Nascia a Televisión Vía Satélite S.A., famosa pela sigla TELEVISA – a consolidação definitiva do monopólio televisivo, que marcava o futuro da televisão no México.
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