terça-feira, 12 de outubro de 2010

O surgimento da TV no México e o monopólio da Televisa - Parte 1

Falar da história da televisão mexicana é, ao mesmo tempo, defini-la como o histórico da Televisa. Há mais de 50 anos a maior empresa produtora televisiva em língua espanhola no mundo mantém-se intacta no controle da indústria da televisão no México, onde domina mais de 70% das transmissões, com quatro redes nacionais e mais 200 estações.

A Televisa controla ainda a única emissora de TV via satélite do país e a operadora de cabo dominante na Cidade do México. O monopólio vem desde o surgimento das primeiras emissoras de rádio e hoje a liderança alcança também a televisão em espanhol nos Estados Unidos.

A permanência da Televisa no poder é, de fato, uma das características mais importantes na história da indústria da televisão mexicana. A forte relação de dependência que há com a cultura e tecnologia norte-americanas é visível, assim como a capacidade de oferecer à sociedade produtos culturais que lhe interessem e, ao mesmo tempo, influenciem no modo de vida.

A permanência do Partido Revolucionário Institucional (PRI) durante setenta anos no poder é também fortemente vinculada à influência da Televisa e de outras emissoras que surgiram diferencialmente, com a ajuda do governo. No México, o partido e a televisão foram como duas caras da mesma moeda durante mais de cinquenta anos, até 2000, na derrubada do PRI.

É da poderosa indústria radiofônica, originada na década de 20, que surgem os principais antecedentes que, mais tarde, se transformariam na classe empresarial televisiva. Em 1930, Emílio Azcárraga Vidaurreta adquiriu em pouco tempo a liderança na radiodifusão. Filiou-se à americana NBC – vinculada à RCA (de onde vinham materiais gravados) – e criou a rádio XWE, a mais moderna da época e a primeira com amplo alcance, que chegou a diversos Estados mexicanos com o propósito de ser “A voz da América Latina a partir do México”.

A XEQ, segunda empreitada de Emílio Azcárraga na radiodifusão, esteve vinculada à CBS e trouxe como novidade o Departamento de Produção Independente. A total independência com as empresas norte-americanas foi conquistada em 1945, ano em que 50% das emissoras de rádio do México estavam sob controle da XWE e da XEQ, graças à criação e ao sucesso da rede Rádio Programa do México (RPM).

Daquele ano em diante várias outras emissoras de rádio começaram a surgir naquele país. Muito antes de acontecer a primeira transmissão na televisão mexicana, em 1950, vários experimentos haviam sido realizados há cerca de 20 anos antes, na tentativa de projetar imagens à distância, graças aos recursos dos próprios técnicos ou ao apoio do governo.

Nos anos 40, o mais recente veículo de comunicação já mostrava potencial para se converter em um grande negócio. É a partir da década de 50 que a televisão começa a ter importância significativa na vida cultural, política e econômica do México e a estar presente no cotidiano. Hoje, a principal característica da televisão para os mexicanos é a de ser o meio visual de informação, educação e entretenimento da maioria das pessoas.

Oficialmente a televisão no México foi inaugurada em 31 de agosto de 1950, na capital, Cidade do México, e a primeira transmissão foi no dia seguinte, para menos de 10 televisores, com um discurso do então presidente do país Miguel Alemán Valdés (1946-1952).

Foi o empresário Rómulo O’Farril Silva quem obteve a primeira concessão de TV comercial, o Canal 4 (XHTV), da Televisión de México S.A, com infraestrutura e tecnologia vindas dos Estados Unidos e baseada no modelo europeu produtivo e expansivo de televisão. Levou menos de um ano para entrar em cena, mais uma vez, Emílio Azcárraga Vidaurreta, com a XEW TV Canal 2, em 21 de maio de 1951. O Canal 2, hoje conhecido como Canal de las estrellas, ficou também sob responsabilidade do filho e sucessor de Azcárraga, Emílio Azcárraga Milmo. Por fim, o engenheiro Guillermo González Camarena ficou com o Canal 5 (XHGC).

Em 25 de março de 1955 os três canais se juntam e formam o Telesistema Mexicano (TSM), que tinha como um dos principais acionistas Miguel Alemán, ex-presidente do México. A fusão tinha como objetivo expandir a televisão para todo o país. Em 1973, a emissora passaria a se chamar Televisa.

O governo mexicano entendia que era melhor deixar a televisão a cargo de empresários para assegurar o desempenho deste meio de comunicação segundo os interesses governamentais, do que patrocinar diretamente uma emissora e ao mesmo tempo censurá-la. Era preciso, para tanto, controlar a concorrência, pois, com ela, a censura estaria ameaçada, já que a guerra pela audiência levaria os donos de emissoras a apelar para qualquer nível de programação.
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Um comentário:

Anônimo disse...

Eu acho legal essa volta das novelas mexicana no sbt,porem acho interessante se tamabèm exibisse outras produtoras como, a caracol ,rcn da colombia.