terça-feira, 19 de outubro de 2010

A evolução da telenovela mexicana - Parte 3


Os anos 80 se tornaram a época da mercadotecnia e do consumismo, fazendo com que a televisão mexicana pensasse na criação de novas alternativas de informação, produção e entretenimento.

Foi precisamente nestes anos que o Canal 2 sofreu outra mudança e se transformou no Canal de las estrellas, lema que até hoje sobrevive, identificando-o em muitos países. A respeito das telenovelas, tratou-se de deixar de lado a censura, ao apresentar cenas onde os personagens fumavam ou bebiam. Também passou-se a exibir tramas eróticas e violentas, substituindo as ternas e pacíficas.

Nesta década foram apresentadas, também, telenovelas de grande sucesso, principalmente as de épocas, com produções caras e ambiciosas, graças ao lucro obtido com as exportações para todo o mundo. Assim foram Bodas de odio, El extraño retorno de Diana Salazar, Yesenia, El pecado de Oyuki, entre outras. Passou-se a abordar temas delicados como a bruxaria (Estranho poder), a prostituição (Colorina) (foto), o aborto (O direito de nascer), a troca de sexo (Gabriel y Gabriela) e a reencarnação (El extraño retorno de Diana Salazar), sem deixar para trás os temas rosas, infantis e juvenis, como o de Simplesmente Maria, Rosa selvagem, Carrossel e Quinze anos.

As telenovelas mexicanas foram perdendo o romance para dar vez às intrigas, aos assassinatos, às cenas de cama e aos argumentos de ódio e vingança, onde novamente a protagonista voltava como vilã. Os anos oitenta foram, ainda, a época dos finais imprevisíveis e enigmáticos, como no caso de Angélica, onde a protagonista morre no final.

Valentín Pimstein tratou de resgatar o melodrama tradicional mas recorreu à farsa em suas telenovelas, caindo no absurdo e no cômico. Por sua parte, Miguel Sabido tratou de dar ao gênero outro estilo com suas tramas didáticas, onde, em um período de cinco anos, produziu quatro telenovelas com grande êxito, que foram Vamos juntos, Vem conmigo, Caminemos e Acompáñame, que abordavam temas como aborto, divórcio, marginalização sexual e falta de incentivos para o progresso individual.

Devido ao fato de as telenovelas dos anos oitenta terem alcançado o horário noturno, tornaram-se objeto de luxo na televisão nacional. Os atores que nelas participavam tornaram-se importantes para o público assim como as estrelas do cinema nacional dos anos 40 e 50.

A audiência que se obteve na Cidade do México durante essa década girou em torno dos 32.1 a 53.6 nos índices mais altos, obtidos com a apresentação de María Isabel: 53.6; De pura sangre: 48.8 e Os ricos também choram: 45.5. E entre 9.9 e 15.4 os índices mais baixos, com telenovelas como Mi nombre es Martina: 9.9 e El retrato de Dorian Gray: 15.4.

Nessa década as telenovelas eram transmitidas a partir das 17h00 e, com exceção deste horário, todas as telenovelas posteriores eram exibidas em meia hora. Desse modo, entre 18h00 e 20h00 eram transmitidas um total de seis telenovelas. Sua principal concorrência na televisão aberta foram os filmes e séries norte-americanas antigas, telenovelas estrangeiras, programas culturais, políticos e noticiários. Ás 20h00 fazia-se uma pausa para os programas cômicos e logo às 21h00 retomava-se as telenovelas do horário nobre, que competiam contra programas de clipes musicais, esportivos e de entrevistas.
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