As produtoras independentes
O papel das empresas independentes na produção televisiva de ficção é fundamental. Desde meados dos anos 80 até hoje, são elas que impulsionaram as propostas mais inovadoras, vitais e interessantes na produção de minisséries e telenovelas. Empresas como Proa, Iguana, MGZ e mais recentemente, Timeline, Capitán Pérez, Del Barrio, Chroma, Mapa, Imiza ou La luz são o mais claro sinal de que no Peru o impulso da televisão de ficção vem principalmente das produtoras independentes.
Estas produtoras são empresas pequenas e, como tais, seu principal problema está no financiamento e investimento disponível para suas produções. Para produzirem dependem das remessas de dinheiro que chegam dos canais de TV que financiam sua produção. Ainda como empresas pequenas, não têm acesso direto ao mercado internacional nem a canais de distribuição próprios. Comercializar por si mesmas em mercados internacionais, manter um canal de distribuição constante e se abastecer com um alto volume de produção é algo que está fora de seu alcance. No entanto, sua necessidade de participar mais do mercado externo é evidente.
Para conseguir um espaço no exterior é necessário, para começar, estabelecer padrões mínimos de qualidade narrativa e de cenas, porém a proposta do país deixa a desejar neste sentido. Por exemplo, algumas séries e telenovelas manipulam muito bem o roteiro, mas outras parecem um tributo ao tempo passado e à cena interminável. Exportar televisão supõe oferecer produtos com uma qualidade constante, com um estilo claro e distinto.
O público peruano é pouco exigente e isso faz com que suas produções sejam suficientes para satisfazê-los. Um público pouco exigente não estimula a criação de produtos televisivos mais competitivos, aceder de melhor maneira ao mercado internacional é possível, mas não é uma tarefa de poucos anos. Estes processos são factíveis com uma aproximação mais sistematizada, que envolva o setor como um todo, não somente a partir de tentativas individuais ou isoladas.
Para que a indústria de ficção televisiva peruana cresça deve-se reconhecê-la como tal. A televisão de ficção é arte e, por sua vez, indústria. Deve-se aprender a assumir essa dupla natureza. O problema é que tende-se a pensar que arte e indústria são incompatíveis ou que a maior presença ou peso de um diminui a presença ou peso de outro, que fazer indústria é claudicar o desejo de fazer arte. Ambas coisas não são incompatíveis, mas, sim, plenamente necessárias.
A televisão de ficção deve ser cem por cento arte e cem por cento indústria. Ser unicamente artista é fácil, também é fácil fazer unicamente o que o público quer sem maiores preocupações com a audiência. O grande desafio é poder expressar plenamente aquele tema que desejamos tratar e estabelecer contato com o público.
Um comentário:
Adoraria ver uma novela peruana,tomara que uma fassa sucesso para ser vista.
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