sábado, 5 de junho de 2010

Um programa de sucesso

O que faz um programa ter sucesso e, portanto, rentável para a emissora que o exibe? Como fazer a boa equação entre espectadores e consumidores?

Para trazer o chamado retorno do investimento, um programa precisa ter três características:


SER POPULAR

Essa característica é a mais lembrada pela mídia geral: sempre se destaca nos jornais quais são as maiores audiências. Popularidade é a primeira referência de sucesso de um meio ou um programa. Isso significa atingir o maior público possível.

No caso da TV aberta, por exemplo, consiste em atingir todas as classes sociais, inclusive as de menor poder aquisitivo, e todas as praças pesquisadas pelo IBOPE (ou mesmo todo o país). Isso porque as classes populares são um contigente muito grande da população que assiste à televisão, o que gera um número total, um volume de pessoas impressionante quando se analisa os índices gerais de audiência medidos .


TER UMA AUDIÊNCIA QUALIFICADA

É preciso ir além do número geral medido em termos de índice numérico do IBOPE e ter qualidade nesta audiência, ou seja, atingir também o público de maior poder aquisitivo. Para tal, deve-se ter como público, de forma relevante, as chamadas classes A, B e C, pois são elas que atraem mais os anunciantes. O programa/programação torna-se idealmente produtivo e rentável para uma ampla gama de anunciantes, e isso só é possível se atingir de modo consistente as camadas mais altas.

Programa que atinge diferentes públicos alvos, especialmente os de maior potencial de consumo, é um bom produto. O índice de audiência geral, ao ser desmembrado em diferentes classes sociais, deve revelar uma boa distribuição de espectadores em termos de potencial de consumo.

Telenovelas, para o meio publicitário, são vistas como capazes de atingir todo mundo, a família toda que assiste a TV, todas as classes sociais, o Brasil em geral. Ela é assim muito poderosa e eficiente, mas igualmente cara para anunciar.

Nesse sentido, nem todo produto e nem todo anunciante tem a verba necessária para pagar este horário, que é reconhecido como um espaço forte, que dá poder a uma marca que está ameaçada ou que permite dar visibilidade a uma marca ou produto novo.


TER PRESTÍGIO

A terceira característica é o prestígio, pensado dentro do âmbito da TV. Um programa tem que ter certa qualidade como produto cultural. É preciso ter prestígio para ter legitimidade como bem cultural: um produto cujos espectadores afirmem, sem medo ou vergonha, que gostam de assistir (o que infelizmente não acontece com relação à telenovela apenas com pessoas de capital cultural mais elevado).
Quem tem todas as características citadas (é popular, atinge público com potencial de consumo e é um produto de prestígio) pode se dar ao luxo de controlar os anúncios.

Os espectadores reconhecem que a televisão tem ligação direta com o consumo, porém, ninguém diz que se sente influenciado pela TV, mas que teme uma influência, seja na questão moral, ou no excesso do consumo. Muitas vezes, tais estratégias são percebidas de modo consciente, entretanto, é comum que pessoas menos acostumadas com o sistema promocional não percebam isso como proposital. A telenovela, entre outros programas de televisão, muitas vezes reforça a sensação de uma ilusão e de um excesso de bens inatingíveis para a maioria das pessoas.

A questão da moda e do potencial de consumo leva também a um distanciamento com relação ao que se vê na televisão, onde tudo é muito luxuoso, e a percepção de sentir-se pobre. Pelo acesso ou não aos bens de consumo e pela escolha de bens que cada indivíduo ou família consome é possível notar as diversas classificações sociais no contexto de uma sociedade de consumo. A televisão é uma das fontes de informação sobre as distinções decorrentes das posses de determinados bens e do acesso a certos tipos de serviços.

Sabemos que a televisão é um dos instrumentos mais democráticos em se tratando de informação e de programas voltados para o entretenimento. Mesmo sendo extremamente rejeitado e criticado por intelectuais e políticos, este veículo de comunicação foi e ainda é considerado um companheiro fiel, atento e reconfortante nas inquietações econômicas, sociais e culturais de nossas sociedades.

É preciso reconhecer que a TV é um fator de unidade e está fortemente ligado às nossas expectativas, decepções, esperanças e frustrações. É o preço do seu papel de instrumento de divertimento e laço social.

Na sua opinião: Você se sente influenciado pela televisão, em relação ao seu modo de agir, de se vestir, ou mesmo consumir determinado produto ou utilizar algum serviço, seja por meio da telenovela ou de outro programa?

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