terça-feira, 29 de junho de 2010

A telenovela econômica - Parte 1

O resultado dos descobrimentos marítimos foi o desenvolvimento do comércio, a circulação de novos produtos coloniais no mercado e a quebra da hegemonia econômica das cidades italianas. Cinco séculos depois, nos anos 70, alguns atores também conquistaram “novas terras”; os chamados mercados globais. Diferente dos comerciantes europeus do século 15, estes atores, agora representados pelos conglomerados mundiais, se beneficiaram da desregulamentação de leis e lançaram seus produtos como bens culturais, rumo a novos mercados.

No mercado audiovisual, esse panorama não é diferente. O advento do videoteipe, no final dos anos 50, sinalizaria um futuro promissor quanto ao desenvolvimento do mercado de televisão. A partir do decênio de 70, com a desregulamentação dos mercados mundiais, forma-se uma conjuntura político-econômica favorável à expansão transnacional.

Neste sentido, as empresas de televisão que produzem telenovelas também são contempladas, agregando nova função econômica à ficção seriada, para que após o término de sua produção, continue gerando receita a seus investidores.

No decênio de 80, diversos movimentos relacionados à conquista de novos mercados são empreendidos pelas empresas de televisão, e o modelo de produção se transforma gradualmente. Surgem as co-produções, as pré-vendas e os joint-ventures. Neste sentido, os conglomerados de comunicação são beneficiados por diversos fatores de ordem política e econômica.

Este cenário reconfigurado leva ao crescimento dos investimentos diretos (superior a 10%), necessários para compensar o aumento dos custos fixos, gerados pela evolução tecnológica. O investimento em tecnologias de informação e comunicação (TIC) também se faz necessário, por garantir fluxos ágeis o bastante para o desenvolvimento de mercados competentes e sincronizados, além da possibilidade de ampliação das formas de consumo.

As Organizações Globo, principal conglomerado brasileiro no setor de comunicação, iniciaram sua expansão a partir da aquisição do canal italiano Telemontecarlo. A falta de legislação e o elevado faturamento propiciado pelo mercado europeu foram determinantes para esta transnacionalização de nível empresarial.

Paralelamente, o grupo mexicano Televisa também empreendeu uma série de ações a fim de ampliar sua produção de telenovelas ao mercado latino-americano. No entanto, somente no início dos anos 1990 consegue instalar-se na Argentina, disposta a realizar produções com mão-de-obra nacional. Firmaria, ainda, aliança com os canais 9 (Omar Romay) e 13 (Grupo Clarín), tradicionais programadoras de seus conteúdos no país, especialmente ficção seriada.

A soma de esforços de ambos os grupos, rumo à internacionalização, ocorre após um extenso período de exibição de novelas brasileiras na Itália e mexicanas na Argentina; países onde a ascendência do gênero é demonstrada através do crescimento da audiência de seus programadores, normalmente emissoras não posicionadas em primeiro lugar e com forte apelo popular.
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