segunda-feira, 17 de maio de 2010

As telenovelas e a difusão do idioma espanhol

“Nos últimos anos as telenovelas tiveram um destaque especial na fluidez da comunicação e no entendimento cultural entre os falantes do espanhol”. Essa afirmação pertence a Humberto López Morales, escritor e membro de várias academias linguísticas como Secretário Geral da Associação das Academias de Língua Espanhola.

No I Congreso Internacional Léxico e interculturalidad, realizado em 2009, o acadêmico abordou a expansão do idioma espanhol no mundo e considerou que, entre outros fatores, os meios de comunicação, como a Internet e a televisão a cabo, contribuem para que este idioma seja cada vez mais uniforme.

Acrescentou que estudos recentes sobre o uso do espanhol, revelaram que entre 85% e 90% do vocabulário é compartilhado por todos os falantes do idioma espanhol no mundo, sejam nativos ou estrangeiros. “Isso é a chave para uma comunicação mais fluida, o que não faz com que se percam os regionalismos, o vocabulário típico, nem que se empobreça o vocabulário local”.

Nesse sentido, comentou sobre o roteiro das telenovelas: “Uma mesma coisa pode levar distintos nomes e formas”. Essa situação, obrigou os roteiristas a modificarem os termos que não eram inteligíveis entre os diversos falantes do espanhol, substituindo, também, palavras que eram ofensivas em determinados países. Do mesmo modo, os meios informativos fazem parte deste fenômeno.

Jorge Ignacio Covarrubias, jornalista, escritor, tradutor e secretário da Academia Norteamericana de la Lengua Española, afirma que as telenovelas são as que mais contribuem entre os veículos de difusão do idioma espanhol no mundo. Elas enriquecem e ampliam o vocabulário, fazendo que os falantes deste idioma conheçam outras maneiras de dizer uma mesma coisa, em suma, favorecem a comunicação.

No V Congreso de la Lengua Española, que iria se realizar em Valparaíso, no Chile, mas que foi cancelado devido ao terremoto que abalou o país em março passado, aderindo-se então à forma virtual, Covarrubias expôs argumentos criados a partir de entrevistas realizadas com acadêmicos e personalidades do mundo artístico, como Delia Fiallo, Fernando Gaitán, Lupita Ferrer e Osvaldo Díaz, que concordaram em afirmar que a contribuição das telenovelas para a difusão do espanhol se dá quando estas não são dubladas, mas sim quando são exibidas com legendas, mantendo o idioma original.

Delia Fiallo afirma que, geralmente, as telenovelas latino-americanas são exibidas legendadas no exterior, levando o diálogo com as vozes de seus intérpretes, e, ao que parece, a harmonia e a suavidade do idioma latino cativa e convida à sua aprendizagem.

Disse ainda que, segundo suas fontes, a telenovela venezuelana Topázio, foi exportada para 45 países, as da Telemundo chegam a 87 nações, as venezuelanas, em geral, chegam a 100, as da produtora mexicana Azteca são exportadas para mais de 120. A telenovela de sua autoria, Kassandra, deixou sua marca no Guinness por sua emissão em 128, dos 195 países do mundo.

Covarrubias decidiu escrever sobre a contribuição da telenovela para com a difusão da língua de Cervantes após escutar o sub-diretor da Real Academia Española, Gregorio Salvador dizer: “As telenovelas são algo extremamente benéfico para a conservação do espanhol. Os culebrones - como são chamadas as novelas na Espanha - podem fazer muito mais pelo idioma castelhano do que uma reunião de academias ”.

No começo deste ano, títulos como A feia mais bela, Tierra de pasiones e Dame chocolate eram transmitidos no Azerbaijão; Gata selvagem, na Armênia; Destilando amor, Marina e Feridas de amor, na Bósnia; e Luna heredera, Rubi e Sos mi vida, na Bulgária. Haviam sites dedicados às telenovelas latinas na Ucrânia, Eslovênia, Lituânia e Estados Unidos, entre muitos outros.

Covarrubias expõe, ainda, que as telenovelas têm influenciado a propagação do idioma espanhol na Albânia, Romênia, Moldávia, Quênia, Indonésia e Israel, este último, inclusive, desde 2006, vem avançando na criação de escolas de idiomas, correlativamente à difusão destas telenovelas.

Ainda se falando em Israel, cujos idiomas oficiais são o hebraico e o árabe, tem-se registrado que 1989 foi o ano em que se começaram a importar as primeiras telenovelas procedentes da América Latina. Porém, foi a partir de 1990, com a televisão a cabo, que o fenômeno tomou maiores dimensões.

De acordo com os importadores, este “boom” se deveu às condições do ambiente. Ao israelita falta oportunidade para expressar emoção e, nesse aspecto, as telenovelas latinas, com seu sentimentalismo, servem para exteriorizar sentimentos e soltar as rédeas à emotividade.
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