domingo, 9 de maio de 2010

TV Brasil apresenta La vida es silbar

A TV Brasil exibe neste domingo, 09 de maio, às 23h00, o filme La vida es silbar, escrito por Fernando Pérez, Eduardo del Llano e Humberto Jiménez, dirigido pelo mesmo Fernando Pérez, um dos diretores cubanos mais importantes da geração de 1990 do cinema latino-americano.

La vida es silbar, rodado em Havana no ano de 1998, é uma produção do Instituto Cubano del Arte e Industria Cinematográficos (ICAIC), sendo o único longa-metragem de ficção produzido em Cuba. A produção acumulou cerca de doze prêmios e oito nomeações por todo o mundo e em seu país de origem, entre eles, obteve no Festival de La Habana, os prêmios de melhor filme, melhor diretor e melhor atriz revelação (Claudia Rojas), além do prêmio Goya, promovido pela Academia de las Artes y las Ciencias Cinematográficas de España, como melhor filme estrangeiro de língua hispânica.

O filme relata, em 106 minutos, as histórias paralelas de Mariana, Julia e Elpidio, narradas por Bebé (Bebé Pérez), uma jovem de dezoito anos, que parece servir como um anjo da guarda para os protagonistas, sabendo o destino deles e fazendo com que seus caminhos cruzem ao término do filme. Ela é feliz e não entende o porquê dos demais não serem, ela, de alguma maneira, interfere na vida dessas três personagens que não são felizes e que se dividem entre amor, ódio, promessas e escolhas, sendo limitados por crenças influídas por seus passados. Eles terão que escolher entre sentirem-se culpados e tristes, ou se desfazerem de suas crenças e viverem com mais liberdade.

Mariana (Claudia Rojas) é uma jovem bailarina que não conhece seus pais, ela, para conseguir o papel de Giselle em um espetáculo de ballet, faz uma promessa diante de Deus de não se deitar com nenhum homem, sendo ela uma cubana sensual e promíscua que enfeitiça os homens da rua somente com seu olhar. Ela consegue cumpri-la, até o processo de montagem da obra, onde terá que escolher entre a promessa divina, a arte e a tentação da carne, ao se apaixonar por Ismael (Joan Manuel Reyes), seu parceiro no espetáculo.

Júlia (Coralia Veloz) tem duas paixões: fazer o bem aos demais, e os animais. Mas, a partir de um momento em sua vida, começa a bocejar sem controle, como sintoma de uma vida sem ilusões, o fenômeno se agrava quando ela começa a desmaiar onde trabalha, um instituto para aposentados; nas ruas e em lugares públicos, como um meio de repressão e sob efeito do medo, isso ocorre ao ouvir palavras proibidas em um regime ditatorial autoritário, como “sexo”. Um jovem psicólogo, chamado Fernando (Rolando Brito), lhe revela a verdadeira causa de seus desmaios: o abandono de sua filha, ao nascer e, desde então, Julia terá que escolher entre assumir sua verdade ou estar sempre desmaiando.

Elpidio (Luis Alberto García), é um músico e pescador, marginalizado pela revolução cubana, e sente a falta de uma figura materna, representada por Cuba (Inés María Castillo), que lhe servia como mãe no orfanato em que viveu. Cuba fez com que Elpidio e os outros órfãos acreditassem que ela era perfeita, representante do ideal, mas ela acaba abandonando a seus filhos e não realiza o ideal que representava. Desde então, Elpidio vive angustiado por saber quem realmente foi, quem é, e o que será dela. Ele também terá que escolher entre o amor e sua necessidade materna.

A cena final mostra os três protagonistas completamente sozinhos na Plaza de la Revolución, representando o abandono resultante de tal revolução. E Bebé, a narradora, que foi criada no mesmo orfanato que Elpidio nos revela o segredo da felicidade na Havana do ano 2020.

Contada através desta estranha jovem, as histórias que se entrecruzam em La vida es silbar foram utilizadas por Fernando Pérez para conseguir, basicamente, dois objetivos: descrever a Havana do final do século e realizar uma análise sobre a felicidade. Felicidade esta que, misturada à sorte, ao humor e ao drama, desafia todas as leis.

É um filme com excesso de simbolismos que dão uma estranha ideia da realidade cubana, e, por ser uma produção cubano-espanhola permitiu utilizar-se de uma série de transgressões políticas, expressas em exposições simbólicas, porém perfeitamente decodificáveis

La vida es silbar é mais um filme da série Cine Ibermedia, que reúne obras de países da América Latina, Espanha e Portugal. Os longas estão sendo exibidos simultaneamente nos canais de televisão pública dos 17 países envolvidos no projeto, entre eles a TV Brasil.
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Um comentário:

GEOVANNI disse...

Vale a pena assistir pois o filme é belíssimo. Uma história, ou melhor, várias histórias envolventes que não se limitam somente á realidade cubana, apesar de estar centrada nela. O filme possui uma temática universal visto que trata de assuntos relacionados ao humano, tais como: medo, crenças, amor e impossibilidade do amor, repressão, ilusões, etc. Um filme sensível, um filme que provoca reflexões e te obriga a questionar aquilo que considera verdade.