quinta-feira, 6 de maio de 2010

A história das telenovelas brasileiras

No Brasil, assim como nos Estados Unidos, as teledramaturgias surgiram nos anos 50 a partir da adaptação das novelas de rádio para o então novo meio de comunicação. As primeiras novelas nesse formato foram adaptações de teledramaturgias latinas, vindas do México, Argentina e Cuba.

Em dezembro de 1951 foi ao ar Sua vida me pertence, a primeira telenovela brasileira. Foram quinze capítulos exibidos ao vivo de terças e quintas-feiras pela TV Tupi.

Ao longo dos anos 50 e 60, a teledramaturgia passou por várias transformações em seu conteúdo e no seu formato. Nos primeiros anos, a ausência do videoteipe fazia com que elas fossem exibidas ao vivo e apenas em dois dias por semana. Na década de 60, já com a possibilidade de serem gravadas, ganharam episódios diários, o que foi fundamental para prender a atenção dos telespectadores.

No final dos anos 60, as novelas finalmente ganharam uma cara brasileira. Até então, elas eram adaptações ou seguidoras do estilo dramalhão que dominava as teledramaturgias latino-americanas.

Em 1968, estreou Beto Rockfeller, produzida pela TV Tupi. Escrita por Bráulio Pedroso e dirigida por Walter Avancini e Lima Duarte, ela rompeu com o estilo melodramático e construiu uma história mais descontraída, com diálogos coloquiais, temas bem-humorados, trilha sonora pop e uma estética moderna, que dava uma cara brasileira e atualizada ao formato.

O sucesso de Beto Rockfeller fez com que as emissoras abandonassem definitivamente o estilo dramalhão importado dos países latino-americanos. Em 1969, a Globo aderiu ao novo modelo e encomendou a Janete Clair que adaptasse para a TV uma história que ela já tinha escrito para a rádio. Véu de noiva virou um sucesso e transformou a atriz Regina Duarte na “namoradinha” do Brasil.

Nos anos 70, as novelas viraram definitivamente um fenômeno de audiência, cuja repercussão extrapolou as fronteiras do país. Globo e Tupi dominaram a produção de novelas durante a década. Sucessos como Irmãos coragem e Pecado capital, de Janete Clair, e O bem amado e Saramandaia, de Dias Gomes, estabeleceram o início da hegemonia do modelo de novelas feitas pela Rede Globo. A Tupi, que havia iniciado a transformação da estética da teledramaturgia com Beto Rockfeller, conseguiu produzir outros sucessos como Mulheres de areia e O profeta, de Ivani Ribeiro, e Éramos seis, de Sílvio de Abreu e Rubens Ewald Filho.

Quando começaram os anos 80, a estrutura de produção de teledramaturgias no Brasil já era tão sofisticada e profissional que as novelas de sucesso por aqui viraram produtos de exportação. Cerca de cem países, de Portugal à China, da Rússia à Austrália, chegaram a acompanhar os episódios dublados de produções como A escrava Isaura ou Dancin’ days.

A indústria nacional das telenovelas se concentrou na Rede Globo. Sua hegemonia foi poucas vezes ameaçadas desde a década de 80. Produções inovadoras e requintadas como Guerra dos sexos, Vale tudo, Roque Santeiro, Terra nostra e O clone, entre outras, garantiram os melhores índices de audiência da TV brasileira. Liderança que foi abalada somente em alguns momentos, como quando a Rede Manchete lançou a novela Pantanal, em 1990, ou mais recentemente com as produções da Rede Record, como Caminhos do coração e Os mutantes, e as adaptações de novelas latino-americanas produzidas pelo SBT.

Apesar de ainda ser um dos gêneros preferidos dos brasileiros, a audiência das novelas caiu no novo milênio, provavelmente devido à concorrência de novas opções que se tornaram acessíveis à população, como a TV a cabo e a Internet. A audiência das novelas da Globo atingiu em 2008 cerca de 40 milhões de espectadores diariamente, enquanto três anos antes a audiência era de 60 milhões.

Apesar da queda dentro do país, as novelas brasileiras ainda continuam a ser um valorizado produto de exportação. Segundo projeções da Globo, no começo dos anos 2000 as novelas comercializadas pela emissora foram assistidas por cerca de 70 milhões de espectadores anualmente no exterior.
Blog Widget by LinkWithin

Nenhum comentário: