quarta-feira, 12 de maio de 2010

A hora e a vez dos dublês


A vida de artista de televisão não tem sido fácil, ou melhor, a vida dos dublês que atuam em cenas de sequestros, perseguições, saltos de grandes alturas, tiroteios, etc. Diferentemente dos dublês de ação, usados no cinema e que não têm a necessidade de serem parecidos com o ator principal, o dublê de corpo, usados pelas novelas, precisa ter alguma semelhança ou estar disposto a mudar o visual.

No entanto, o glamour das telonas se repete na televisão: eles arriscam a vida e passam horas treinando rolamentos, saltos mortais, quedas, para-quedismo, pilotagem, mergulho e tudo mais. Perseguição, briga ou tiroteio entre mocinhos e bandidos, mesmo que seja de mentirinha, pode exigir dos atores um preparo físico sobre-humano para que a cena mostre o realismo necessário.

Em produções mais antigas, os dublês normalmente eram pouco focalizados ou seus rostos não eram exibidos, a finalidade disso era esconder do público que aquela cena era feita por um dublê e não pelo ator principal. Ainda hoje este método é bastante utilizado, mas as possibilidades do uso da computação gráfica em produções artísticas cresceu muito e é perfeitamente possível fazer um dublê ficar praticamente idêntico ao ator principal. A desvantagem é que computação gráfica deste nível é muito cara e sua produção é lenta.

O trabalho de dublê é perigoso, ferimentos são comuns e mortes acontecem com mais frequência do que deveriam. Criar uma ação realista em geral envolve ações de alto risco, treinamento e tecnologia ajudam a fazer as acrobacias muito mais seguras do que nas décadas passadas, mas se todas as cenas de ação fossem perfeitamente seguras, dublês simplesmente não seriam necessários.

Um dublê é chamado para um estúdio de cinema ou televisão quando a cena requer habilidades ou envolve riscos que vão além da capacidade do ator, ou mesmo se ele não estiver disposto a correr. Por exemplo, se o roteiro requer uma luta de espadas, é mais seguro e, em geral, mais barato usar um dublê com experiência em simulação de combate, do que gastar semanas ou mesmo meses treinando o ator para lutar. Se o personagem principal de um filme cai de um prédio, os dublês não têm apenas a experiência para cair com segurança, mas, se por acaso se ferirem, sua ausência não atrapalhará toda a produção do filme. Portanto, o uso de dublês por diretores faz sentido economicamente.

Os dublês profissionais de novelas costumam fazer parte de agências especializadas. Em São Paulo, a Dublês Brasil é quem presta serviço para as novelas do SBT. As outras emissoras, como Record e Globo, contratam agências cariocas como a Só ação e a Alex dublês.

Anderson de Souza, coordenador da equipe paulistana da Dublês Brasil, acredita que a profissão está em processo de crescimento no país já que antigamente esses profissionais dependiam somente das novelas e hoje participam também de alguns filmes, apesar de serem poucos, e em publicidades.

A vida do dublê num estúdio de cinema não é muito glamurosa: os dias são longos, algumas vezes chegando a durar catorze horas ou mais; uma cena pode ser rodada em uma situação desconfortável: eles podem ter que passar horas parcialmente submersos na água ou ter que fazer uma filmagem em uma montanha gelada ou num deserto escaldante.

Os salários dos dublês podem variar amplamente com base na sua experiência e na atuação que irá fazer em uma determinada produção. Apenas alguns poucos dublês altamente qualificados chegam a ganhar salários anuais na faixa de seis algarismos.

Segundo Anderson o salário de um dublê varia de acordo com o número de trabalhos que ele faz e o nível de risco. Uma cena de tiroteio de novela, por exemplo, sai em torno de R$ 450, já um capotamento pode chegar a R$ 3 mil. O que paga melhor são os trabalhos de publicidade, que são mais desgastantes e repetitivos.

Algumas cenas podem ter que ser filmadas várias vezes para que a câmera possa capturar ângulos adicionais ou porque alguma coisa não ficou exatamente como deveria na primeira tentativa. Porém, com vários tipos de cenas perigosas, não é muito prático fazer muitas retomadas. Se a perseguição acaba com uma explosão e uma batida de carro, torna-se caro destruir vários carros para capturar a cena perfeita. Além disso, cada vez que se pede a um dublê para repetir uma cena os fatores de risco se multiplicam. Essa é outra razão para tanto planejamento e ensaio nas cenas em que se exige dublês. A equipe tem que garantir que a cena saia certa na primeira tentativa para evitar retomadas custosas e arriscadas.

Não existe um Oscar para o trabalho dos dublês, mas a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas oferece um Emmy aos coordenadores de cenas com dublês (mas não aos dublês, propriamente ditos). As razões dadas para não haver um Oscar variam, desde a intenção de não tirar o anonimato e a ilusão proporcionada pelo trabalho do dublê, até o desejo da academia de cinema de cortar o número de prêmios e encurtar a cerimônia de entrega do Oscar, ao invés de acrescentar mais prêmios.

Porém, a Fundação Taurus World Stunt Awards não apenas premia dublês em um show anual, mas também oferece suporte financeiro aos dublês do mundo todo que sofreram ferimentos durante o trabalho.


Veja algumas técnicas utilizadas por esses profissionais:

Móveis contra dublês: Os móveis que nas cenas de briga são lançados pelos dublês um contra o outro são feitos de material sintético, quase mais leve que o isopor.

Rolamento em carros: O segredo quando um dublê é atropelado e rola sobre o carro é o seguinte: o motorista dá uma pequena freada quando vai encostar no dublê para baixar o bico do carro, o dublê se joga em cima e o motorista acelera para ele rolar para trás.

Disparos: Quando um ator vai atirar no dublê para ele morrer utiliza bala de festim, nessa mesma hora o dublê aperta um controle em sua mão que faz uma bolsa de sangue falso estourar em sua parte que será baleada.

Correndo com fogo: Quando um ator vai correr com fogo em si deve utilizar muita proteção: em sua roupa é colocada cola de sapateiro e em seguida passa-se um gel nas partes expostas. Em cima de sua roupa é posto um macacão anti-fogo e outro macacão, como os utilizados por pilotos de fórmula 1. Em seguida se veste o figurino do ator.
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Um comentário:

Leon disse...

Olá... o seu blog ganhou um selo, o Prêmio Dardos do TV DIRETA

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